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Amazônia Legal: 21 mil militares atuam para garantir segurança nas fronteiras

21 janeiro 2017 - 13h08Agência Brasil

A apreensão de drogas é frequente na região da Amazônia. Apenas no início de janeiro, o Exército Brasileiro apreendeu 905kg de skunk, maconha com alto teor de THC, no rio Japurá. A droga foi encontrada boiando no rio após o naufrágio de um barco e os traficantes fugiram. Mais de vinte pacotes foram recolhidos e encaminhados à Polícia Federal.

O avanço do crime organizado na região é uma das principais preocupações das autoridades na região onde, atualmente, atuam 21 mil militares. Na década de 1950, mil profissionais exerciam a missão de garantir a tríade “integridade nacional, soberania e defesa da pátria” nos 9.762 km de fronteira brasileira da região com Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia. Nessa faixa, as Forças Armadas exercem o chamado poder de polícia em 150 km, por meio de 24 pelotões e um efetivo de 1.500 militares provenientes de todo país.

Nas áreas de selva amazônica, que compreende o território de oito países, a chamada Amazônia Legal, ainda atuam dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que não aceitaram o acordo de paz com o governo do país, além de um efetivo de 400 guerrilheiros do grupo peruano Sendero Luminoso. No ano passado, o diálogo entre o governo colombiano e as Farc se intensificou e, após um acordo que não foi aceito pela população colombiano, as partes firmaram um novo acordo em novembro.

"Está havendo um processo de pacificação, de desarmamento, mas nos preocupa a Frente Número 1 [das Farc, composta por 200 guerrilheiros], que existem indícios de que alguns elementos talvez não fossem aderir ao processo de pacificação. A droga, a cocaína, o skunk, que entra aqui dentro no nosso país [por essa região] é proveniente dessa área”, explica o comandante Militar da Amazônia, general Geraldo Antonio Miotto.

Segundo o ministro da Defesa, Raul Jungmann, o arsenal de armas dos dissidentes das Farc pode inclusive chegar às facções criminosas responsáveis pela atual crise no sistema penitenciário brasileiro. “Com o acordo de paz [descumprido], o arsenal deles está ficando uma de parte na mão dos dissidentes ou mesmo não sendo entregue. Essas armas podem vir a chegar aos nossos centros metropolitanos, agravando a crise de segurança [pública no país]”, aponta.

Fronteiras

O Brasil tem, ao todo, 17 mil km de fronteiras. Em toda a América do Sul, o país só não faz divisa com Chile e Equador. Os desafios, no entanto, vão além do tráfico de drogas. De acordo com o general Miotto, as tropas militares enfrentam diariamente a pesca ilegal, o tráfico de armas, contrabando, garimpo ilegal, dragas nos rios, imigração ilegal, desmatamento, infrações ambientais, pistas de pouso ilegais, extração ilegal de madeira e tráfico de animais silvestres.

“Tudo isso que ocorre na fronteira vai impactar nos grandes centros urbanos do nosso país e com organizações criminais fomentando”, disse. Segundo o militar, o tráfico internacional de animais silvestres paga valores exorbitantes por uma espécie rara ou em extinção, como a jiboia, que chega a ser negociada por US$ 1.500; a cobra coral verdadeira, por US$ 31.000 e a arara-azul que pode valer US$ 60.000, com destinos a países europeus e aos Estados Unidos.

Isolamento

As grandes distâncias dos centros urbanos impõem aos militares e moradores das regiões de fronteiras limitações como infraestrutura precária e até mesmo ausência de serviços do Estado em decorrência de verdadeiros vazios demográficos. O acesso restrito é realizado por meio dos rios ou rotas aéreas que, em determinadas regiões, são quinzenais.

“Estou acostumada com o isolamento. A família militar aqui no pelotão é a minha família. Em uma cidade grande as opções de lazer são mais diversas. Aqui é uma vida muito tranquila e até mesmo limitada, mas a experiência nessa região é algo que vou levar para o resto da minha vida. Atendemos uma área muito importante para o país”, conta a tenente Fernanda Nascimento, farmacêutica de 25 anos. A militar é uma das duas oficiais mulheres da tropa do Exército em Vila Bittencourt.

Quarenta minutos de lancha separam Vila Bittencourt de La Pedrera, a cidade mais próxima, na Colômbia. É de lá que os moradores podem sair de avião a cada quinze dias. A comunidade, que abriga um pelotão de fronteira, está localizada a 1.062 km da capital, Manaus. Aparelho presente na mão de vários moradores do vilarejo, o celular permite acesso ao restante do país por meio da internet. “Apesar de fraca, a internet nos conecta com o restante do país. Mas sinto falta do telefone, de ligar e ouvir a voz das pessoas da minha família”, afirma Fernanda.

O técnico de enfermagem em Vila Bittencourt, cabo Rosuel Matos, de 22 anos, não pretende deixar a região. Nascido em Tabatinga (AM), o jovem pretende cursar enfermagem em Manaus e retornar para um dos pelotões de fronteira do país. “É perigoso conviver com a guerrilha, o local não tem infraestrutura adequada, às vezes tenho muito medo de ataques do narcotráfico, mas gosto dessa região e quero continuar na fronteira, apesar de todas as dificuldades”, diz. Em geral, os militares vão acompanhados de seus familiares quando servem nos pelotões de fronteira por períodos que duram, no mínimo, um ano.

SisFron

Em visita ao centro de controle do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), em Dourados (MS), o ministro Raul Jugmann ressaltou o importância da atuação do 35 mil militares da Marinha, Exército e Aeronáutica nas regiões de fronteiras de todo país. O sistema, desenvolvido pelo Exército Brasileiro, com orçamento de R$ 450 milhões previstos para 2017, permitirá a fiscalização da faixa limítrofe com os 10 países sul-americanos.

“A fronteira está distante fisicamente, mas está mais do que nunca, perto das nossas cidades, das nossas metrópoles. É na defesa delas, na segurança, que vamos conseguir reduzir essa onda de criminalidade. Vamos conseguir combater, aqui no seu início, as drogas, o contrabando, o descaminho”, ressaltou.

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