Menu
Menu
Busca quinta, 25 de abril de 2024
Entrevista A

“Somos o hospital mais completo do Estado”, diz presidente da Santa Casa

06 fevereiro 2017 - 12h00Gerciane Alves

Prestes a completar 100 anos de existência pode-se dizer que a Santa Casa de Campo Grande tem o que comemorar e muito se deve a nova gestão. Há exato um ano na presidência de um dos maiores hospitais do Estado e o quinto maior do Brasil, Esacheu Cipriano Nascimento contou com orgulho para o JD1 Notícias as conquistas feitas ao longo destes 12 meses de gestão e destacou ainda quais são os desafios e os planos para 2017. Quando assumiu o comando da Santa Casa, Esacheu conta que encontrou um hospital totalmente degradado, com rachaduras nas paredes, azulejos manchados de sangue, pisos descascando e materiais sucateados. Em 12 meses de trabalho árduo o cenário no hospital que tem o maior e mais completo Pronto Socorro (adulto e infantil) do município de Campo Grande e do Estado de Mato Grosso do Sul, respondendo por 80% dos atendimentos de urgência e emergência Capital, é outro. E os investimentos não ficaram somente na parte estrutural, os funcionários de todas as áreas receberam e ainda recebem treinamentos para lidarem com os pacientes que chegam no hospital. Uma das característica das nova gestão é a visão humanista.

JD - A Santa Casa de Campo Grande é conhecida também por "casa de mãe" sempre de portas abertas. Seja parto ou acidente. Como o senhor vê essa questão da triagem e recebimento dos pacientes?

Esacheu Nascimento - De fato a Santa Casa é um hospital de portas abertas, talvez com a expressão que é a Santa Casa de Campo Grande, um dos cinco hospitais do Brasil, é o único que tenha essa porta aberta. Por exemplo, tem o Pronto Socorro, qualquer hora do dia ou da noite, que a pessoa chega, ela é atendida. A regulação deveria ser feita pelo Município, que também deveria ter o seu Pronto Socorro e não tem. Então, desde que foi inaugurado ficou mais cômodo para o poder público manter aqui na Santa Casa o pronto socorro e isso tem comprometido e muito. A falta da regulação tem comprometido o bom uso do hospital, que está equipado para a média e alta complexidade e acaba tendo que atender qualquer situação que chega de menor gravidade, que poderia ser atendido em outro hospital que não tem o mesmo aparato tecnológico, espaço e equipes médicas que tem a Santa Casa. A nova gestão do município tem falado que vai fazer essa nova regulação e com essa triagem nós poderíamos ter a certeza do percentual de campo-grandenses que são atendido aqui e também aqueles procedentes de municípios do interior do Estado.

JD - Durante sua visita a Santa Casa, ao se deparar com o pronto socorro do hospital lotado, o Ministro da Saúde, Ricardo Barros, destacou que muitas pessoas não deveriam estar ali. Ele se referia a essa pessoas que por apresentarem menos gravidade poderiam ser levadas para outras unidades de saúde?

Esacheu Nascimento - A Santa Casa é um hospital de média e alta complexidade e no dia que ele esteve aqui ele rapidamente conversou com alguns pacientes que estavam nos corredores no pronto socorro e verificou que eram pacientes clínicos e não pacientes que tivessem sofrido qualquer trauma ou que tivessem chegado aqui em uma situação de urgência e emergência. Era uma internação comum, então ele se admirou de nós termos no nosso pronto socorro pacientes que deveriam estar sendo atendidos nas UPAs ou em outros hospitais da rede em Campo Grande.

JD - Vocês passaram muitos problemas com a administração anterior, surgimento de paralisações, greves e outros problemas. Como está sendo o relacionamento agora com a nova gestão da prefeitura?

Esacheu Nascimento - É muito cedo ainda para avaliar essa relação. Nós conversamos antes mesmo do atual prefeito tomar posse, com a equipe de transição e fizemos a exposição das nossa necessidades, mostramos e demonstramos contabilmente o déficit que é imposta à Santa Casa para atender o Sistema Único de Saúde e que nós precisamos de um contrato para este ano de 2017 que reponha essas perdas, porque a Santa Casa já não tem mais como ir a bancos todos os finais de ano, e neste final de ano especialmente, para emprestar dinheiro para pagar 13º dos funcionários. Nós recebermos 12 parcelas e pagamos 13, porque o 13º não é contemplado nos pagamentos que é feito, nós trabalhamos por serviços prestados. O novo prefeito pediu três meses para a equipe dele analisar e par anos assinarmos um novo contrato. Nós deixamos bem claro que continuamos trabalhando com déficit da ordem de R$ 3 milhões por mês e que nós mesmo aguardando a assinatura desse contrato nós queremos ver reposto esses R$ 9 milhões dos primeiros três meses e a partir daí, o contrato deve contemplar esse novo valor.

JD - Ainda falando da visita do ministro. Ele conheceu o hospital e a realidade, além das mudanças positivas. O que isso representa?

Esacheu Nascimento - Primeiramente, um prestígio político pela deferência da visita ao nosso hospital, de conhecer a evolução do hospital, as reformas que nós procedemos, algumas das quais em parceria com o Ministério as Saúde como a nossa maternidade, o setor de obstetrícia e também o centro de cirurgias.  E depois ele nos trouxe informações importante, por exemplo, a Santa casa foi reclassificada no mês de setembro para o nível três, que é o nível mais elevado de qualidade dos hospitais de trauma do Brasil e por isso nós tivemos um acréscimo de R$ 320 mil por mês e nós cobramos o ministério do porquê que não estávamos recebendo. Para nosso espanto, ele trouxe as provas de que esse dinheiro foi repassado para o município e o prefeito anterior deixou de repassar o mês de outro, novembro e dezembro e o atual prefeito ainda não nos repassou também o mês de janeiro. Então foi uma visita de gentileza dele de conhecer os hospital pelas informações que havia recebido em Brasília de como está sendo administrado pela atual diretoria e também de troca de informações. E nós aproveitamos a presença dele para apresentar algumas propostas de trabalho de parceria para que a gente possa evoluir o hospital nas áreas de transplante de coração, de fígado, de pulmão, de córneas, de rins. Para isso nós precisamos aumentar a participação do governo federal na alta complexidade. Então foi muito proveitosa nesse aspecto a visita do ministro.

JD - Desde que o senhor assumiu a gestão da Santa Casa, quais foram as principais mudanças? 

Esacheu Nascimento - A primeira mudança foi no comportamento dos nossos recursos humanos quanto ao atendimento dos pacientes. A visão humanista e o comprometimento de todos os nossos servidores, da área de cuidados e assistência, ao paciente para um tratamento mais humano, mais comprometido com a recuperação dos nossos pacientes. Aqui tinha uma lenda que era melhor deixar o paciente mais tempo do que dar alta para esse paciente e colocar outro, porque daria prejuízo para o hospital. Essas coisas têm que ficar muito claras e nós não podemos brincar com a vida das pessoas. Desde então foi evoluindo e nós estamos conseguindo diminuir a estada do paciente aqui. Porque às vezes por uma complicação pequena a permanência dele evolui para uma infecção hospitalar e ele acaba ficando dias e dias ou meses e meses aqui nos hospital. Por outro lado do ambiente estava muito degradado. As enfermarias, a limpeza, os banheiros, eram uma coisa inaceitável para um hospital. Nós promovemos as mudanças necessárias nas equipes de gerências e mudamos esse conceito. Hoje todo o hospital está pintado, todas as enfermarias estão limpas, todos os banheiros estão limpos. Essa exigência pela qualidade da ambiência hospitalar nós tivemos esse cuidado. Investimos também nas reformas. Terminamos uma obra que havia sido iniciada, mas não tinha resolutividade, que é o caso do Centro Obstétrico. Onde as mães tinham os filhos era inaceitável, eram três mães tendo filhos em uma mesma enfermaria, por exemplo. Então a reforma foi feita, hoje nós temos mais duas salas cirúrgicas e casa mãe tem o sue filho em uma sala individualizada. Reformamos totalmente o Centro Cirúrgico, que era pior que um açougue do interior, com aqueles azulejos e todos amarelecidos pelo tempo, os rejuntes todos manchados de sangue, formiguinhas andando, pingos de água porque os canos estavam furados. Então nós fizemos uma reforma total, substituindo toda a parte elétrica, toda a parte hidráulica, tirando todos os azulejos e colocando massa epóxi e pintura acrílica, estalamos os monitores para receber imagens dos aparelhos do hospital, computadores para receber os resultados do laboratório, fizemos a sala de pré-operatório e a sala de pós-operatório também. Nós encontramos aqui um laboratório terceirizado, os médicos reclamando muito da má qualidade desde a coleta até o tempo de entrega dos resultados. A partir do dia 1º de novembro implantamos o laboratório da Santa Casa. Hoje nós fazemos qualquer exame como se fosse qualquer um dos melhores laboratórios de Campo Grande, com o resultado rápido. Nosso laboratório pode fazer entre 350 e 400 mil exames por mês. Estamos investindo também na linha privada do hospital, porque precisamos também receber pelo atendimento privado e o resultado disso ser aplicado para cobrir o déficit que o SUS nos impõe. Então o Prontomed foi revitalizado, iniciamos o atendimento da pediatria também, fizemos a reforma na ala A do quarto andar, que seguramente é um hotel no nível quatro estrelas. Qualquer pessoa pode usar nosso hospital, nossas equipes são as melhores possíveis e a hotelaria mudou de padrão. No quinto andar começamos a mesma reforma no setor de pediatria. Pintamos o hospital por dentro e por fora, atendemos as exigências do Corpo de Bombeiros. Estamos investindo na compra de aparelhos de imagem. Hoje os equipamentos de imagem são da Santa Casa. Alguns equipamentos foram doados e enfim conseguimos sintonizar a sociedade campo-grandense e estamos fazendo uma boa parceria que vai favorecer a população que precisa do hospital.

JD - O senhor comentou sobre as mudanças e nós sabemos que para isso é necessário dinheiro. Para esse ano já existe previsão de algum investimento além dos R$ 3,9 milhões já anunciados?

Esacheu Nascimento - Com o Ministério da Saúde, nós temos um convênio que era de 2011 e não sei por qual razão não foi utilizado. Era um recurso destinado para a reforma das enfermarias que recebem os pacientes do SUS. Não era pouco dinheiro. São R$ 11 milhões. O que nós conversamos com o ministro foi para liberar e empenhar esses recursos porque ele já viu aqui que nós damos conta de fazer as reformas de que o hospital precisa para melhorar as condições dos pacientes. O que nós precisamos do ministro é o apoio para funcionar a nova unidade de trauma. Nós precisamos de investimentos em cozinha, em lavanderia, porque as atuais não conseguem atender a demanda de mais 128 leitos. Então estamos fazendo uma conversação nesse sentido para saber se ele pode nos ajudar. E como eu disse antes, o mais importante é aumentar o teto da Santa Casa para alta complexidade para que possamos atender a demanda de transplantes. Tem muita gente morrendo por falta de transplante de coração, de rim... Então a nossa Organização de Procura de Órgãos foi transferida da Secretaria de Estado de Saúde para a Santa Casa. Estamos estruturando e a partir de agora a nossa equipe vai entrar em contato com todos os hospitais do estado para que, na ocorrência de morte cerebral, nós possamos trazer esses órgãos para transplante em Campo Grande. O hospital está preparado hoje para realizar esses transplantes e precisamos somente do credenciamento. Isso também nós demandamos ao ministro, para que agilize esse credenciamento.

JD - Quais os planos para 2017 e o que a sociedade pode esperar de mais melhorias na Santa Casa?

Esacheu Nascimento - Nós estamos com a consultoria de algumas entidades reconhecidas nacionalmente pela qualidade para melhorar a nossa área de recursos humanos. Queremos introduzir o processo hospitalar que funciona nos hospitais do Estados Unidos,da Europa, do Japão e da China até, que são processos que agilizam a permanência do paciente no hospital e chama-se RDG. Do ponto de vista da hospedagem dos pacientes, nós precisamos usar bem e rapidamente esses recursos disponíveis para fazer as reformas, já que são verbas carimbadas para essa finalidade. E nós queremos durante esse ano 2017 aproximar da meta de fazermos 100% das reformas que o hospital precisa. A maior parte das nossas enfermarias está com piso degradado, com camas antigas. Precisamos revitalizar o hospital. É um projeto que colocamos como prioridade. Neste 2017 pretendemos ampliar a Escola de Saúde Santa Casa. Estamos fazendo convênios com instituições de saúde de outros centros do país e vamos aprimorar profissionalmente nossos médicos, enfermeiros e outras profissões que aqui atuam e também disponibilizar pós-graduação para pessoas que trabalham em outros hospitais da nossa cidade, porque quando o conjunto dos hospitais funciona melhor, a Santa Casa sofre menor pressão de  demanda da população. Hoje temos pacientes que deveriam ser transferidos para outros hospitais e eles se negam a ir para outro hospital porque não confia no bom trabalho que poderia ser prestado lá. Ele poderia ser bem atendido em outro lugar, mas há uma confiança muito grande no atendimento prestado aqui na Santa Casa e, de fato, somos o hospital mais completo tecnologicamente e vamos continuar investindo e convocando a sociedade a ser parceira da Santa Casa. 

Reportar Erro

Deixe seu Comentário

Mais Lidas

AGORA: Capitão do Batalhão de Choque morre na Capital
Polícia
AGORA: Capitão do Batalhão de Choque morre na Capital
Piscineiro tem convulsão, cai em piscina e morre afogado
Polícia
Piscineiro tem convulsão, cai em piscina e morre afogado
 Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) -
Justiça
MPMS investiga fraude em concurso da prefeitura de Sonora e recomenda suspensão
Encontrada em posição de cruz, garota de programa teria sido morta por ser 'impura'
Polícia
Encontrada em posição de cruz, garota de programa teria sido morta por ser 'impura'