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Opinião

Desânimo x força de vontade - por que desanimamos tão facilmente?

21 agosto 2017 - 14h54Sálua Omais

A força de vontade é um ingrediente essencial para conseguirmos atingir objetivos, enfrentar problemas e superar desafios desde os mais simples até os mais complicados, e alcançar resultados excepcionais na vida e no trabalho. Mas por que em alguns momentos bate aquele desânimo e a falta de vontade?

Muitas pessoas começam o dia com um nível altíssimo de energia, e à medida que o dia vai passando, essas reservas vão diminuindo. Um dos fatores ligados a isso, é o fato de que o nosso cérebro consome uma grande quantidade de energia para realizar nossas atividades diárias, mas diante de acontecimentos, imprevistos, emoções negativas ou situações estressantes por exemplo, esse consumo é ainda maior, o que significa que ao invés de usarmos essa mesma energia para atingir as metas a que nos propomos de forma construtiva, acabamos por utilizar toda a energia para resolver problemas, gerando um esgotamento físico, mental e emocional, que acaba repercutindo no estado de ânimo e energia para outras atividades. 

A força de vontade é um jogo de equilíbrio, que tem que ser sustentável a longo prazo, tanto por fatores externos como fatores internos. Isso acontece não apenas pela rotina, mas por algumas distorções na forma de pensar. O ser humano é propenso a pensar no modelo do "tudo ou nada", ou seja, as pessoas têm uma “explosão” de vontade de repente, começam a fazer algo com todo entusiasmo como se matricular em uma academia, iniciar um projeto de trabalho, ou começar um tratamento de saúde, mas, de repente, não dão continuidade a longo prazo.

 Isso muitas vezes acontece porque a força de vontade é um conjunto de forças que devem caminhar de forma integrada. Não é apenas o “querer”, a “intenção”, mas também a motivação, a disciplina, a constância, a paciência, a perseverança, e principalmente, o significado e o propósito maior que você dá àquela atividade que está fazendo, para que você não desista já no primeiro esforço ou dificuldade que aparecer. Existem muitas ações que decidimos fazer, mas que assim que aparece uma ou algumas dificuldades, seja a falta de tempo, problemas pessoais, financeiros ou no trabalho, já desanimamos e pronto: desistimos mais uma vez daquele tão sonhado objetivo. Além disso, imprevistos acontecem, problemas surgem, planos dão errado, falhas, erros. E é nesse momento que é tão importante o equilíbrio mental, para manter, enfrentar e traçar um plano B rapidamente, ao invés de jogar tudo para o ar ou ficar se lamentando pela má sorte ou pelo destino. 

A importância das atividades físicas no estado de ânimo de uma pessoa também é imprescindível, além de ser um movimento reflexo, ou seja, a atividade física influencia na motivação, que por sua vez influencia na continuidade da atividade física. Mas é importante lembrar que infelizmente, o peso das emoções negativas vai destruindo o nível de energia do indivíduo, tanto física como psíquica. Uma mente cheia de culpa, autopunição, estresse, raiva, tristeza, ansiedade, medo e sentimentos de inferioridade e fracasso, não consegue manter por muito tempo um estado ideal de ânimo e energia, mas pelo contrário, provoca um esgotamento mental e emocional de forma constante. Daí a importância da inteligência emocional, onde a pessoa aprende a lidar com esse tipo de pensamentos e emoções de forma saudável.

Outro grande obstáculo à força de vontade são os pensamentos automáticos, aquele fiozinho de pensamento lá no fundo da mente que acaba sabotando as pessoas. Nós temos uma série de pensamentos automáticos, e muitos deles são pensamentos autodestrutivos e extremamente tóxicos, que não contribuem em nada, mas que estão sempre lá presentes. Esses pensamentos são automáticos porque são provenientes de crenças antigas e arraigadas que precisam ser trabalhadas e substituídas, por meio de técnicas específicas, por crenças mais produtivas e funcionais, afim de levar a mudanças mais profundas e duradouras no comportamento. Problemas não podem ser evitados sempre, mas a maneira como reagimos diante deles sim, pois o segredo está em treinar a mente a lidar com os eventos externos de forma funcional, de modo que aquilo impacte menos seu estado psicológico, mudando-se o foco do problema, para a solução, afim de evitar o esgotamento mental. 

A força de vontade está intimamente ligada à motivação humana, mas também às crenças e padrões mentais. Imagine-se subindo uma escada rolante que está na direção contrária, ou seja, você tenta subir enquanto ela está descendo. Por mais que você se esforce em subir na direção contrária da escada, você não consegue chegar até o final, e mesmo que você chegue, ao conseguir isto, estará exausto e esgotado. O mesmo acontece com a mente. Por mais que você “queira” muito algo e se esforce em fazer aquilo, se você não mudar alguns padrões mentais que estão instalados há muitos anos, ligados a sua forma de pensar sobre o mundo, sobre as pessoas ou sobre si mesmo, você não conseguirá atingir o objetivo que deseja. Toda mudança externa requer uma mudança interna profunda na forma de pensar, agir e reagir.  

É importante lembrar que ainda que, por mais que a força de vontade esteja ligada às forças internas que uma pessoa tem para fazer algo, é importante a busca de apoio, pois nós não somos seres sozinhos no mundo, nem autossuficientes, e, por mais evoluída e desenvolvida que a pessoa seja, muitas vezes uma simples palavra ou gesto de alguém pode ter um efeito fundamental. A ajuda de um familiar, um amigo ou um profissional, pode dar  um pontapé inicial nesse processo, até que a pessoa aprenda a criar um estado de ânimo e motivação com seus próprios recursos pessoais internos e desenvolver suas próprias estratégias para manter o comportamento desejado, de forma constante.

(*) Sálua Omais é Psicóloga com Mestrado em Psicologia da Saúde e Saúde Mental, Master Coach e Trainer Internacional em Psicologia Positiva, Neurossemântica e PNL. É titular do site www.psicotrainer.com.br onde escreve artigos diversos sobre Psicologia Positiva, Coaching e Inteligência Emocional.

 

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