O sul-mato-grossense Jefferson Feltrin Macedo, de 25 anos, está no Afeganistão, a serviço da Legião Estrangeira, integrando o 2ª regimento estrangeiro de paraquedistas. Na última quarta-feira (13), a família, que mora em Campo Grande, ficou atenta às notícias internacionais: naquele dia, um ataque suicida matou cinco soldados estrangeiros e um civil na provícia de Kapisa, a 60 quilômetros de Cabul. A única informação era que os militares pertenciam ao contingente francês. O medo era de que o rapaz estivesse entre as vítimas.
Jefferson estava na base da legião, localizada na região de Kapisa, mas conseguiu entrar em contato no dia seguinte pela Internet e tranquilizou a família, dizendo que estava bem. Por e-mail, ele explicou que estava com problemas de comunicação e, por isso, não tinha ligado para a mãe. O soldado não fez nenhum comentário sobre o ataque. A exclusão desta informação pode fazer parte da estratégia adotada por ele. "Eu omito o que não é necessário que eles saibam."
O rapaz nasceu em Dourados e se mudou para Campo Grande com a família. Depois de servir o Exército no Brasil, viajou durante um ano, até que morou no Rio de Janeiro por quatro meses. Em janeiro de 2007, aceitou o convite de um amigo e foi para a Espanha. Morou em Alicante (litoral) por dois anos, trabalhando na construção de piscinas e fazendo bico como segurança, mas não estava contente.
"A ideia de ir para a França surgiu num estalo; no dia 16 de janeiro de 2009, peguei o trem para Paris e no dia 17 já estava nos portões do Fort de Nogent, um posto de recrutamento da Legião Francesa em Paris". Macedo recorda.
"Eu não sabia falar o idioma". Assim que se apresentou, o passaporte foi tomado. "Aí confiscaram minha bagagem e me deram um novo nome". A partir daí, o brasileiro Jefferson Macedo se tornou Paul Floro, voluntário da Legião Estrangeira, sistema comum da companhia. O histórico do militar foi checado pelo Departamento de Inteligência da Legião e pela Interpol.
O brasileiro passou por bateria de testes físicos e psicológicos. Dois oito voluntários, apenas dois foram aceitos, entre eles, o sul-mato-grossense.
"Fui enviado para treinamento em um acampamento isolado do mundo, não podíamos nem ter relógio". Foram quatro meses de treino e de prática de francês. "O exame final é a Marche Rouge, marchamos 90 quilômetros em três dias, e os que chegam ao destino final recebem o kepi blanc, simbolo da Legião Estrangeira. Nove meses depois, conseguiu a patente de soldado de 1ª Classe e integra o 2ª regimento estrangeiro de paraquedistas, o único dentro da legião.
Emboscada
A primeira missão foi no Afeganistão, em janeiro de 2010. "Fiquei seis meses e voltei com o ombro machucado. No quinto mês, durante uma emboscada preparada pelos talibãs, fraturei o ombro direito ao quebrar um muro de barro e pedra pra me proteger dos tiros. Um soldado afegão foi atingido na cabeça, e dois talibãs foram mortos. Toda missão tem um risco, seja por tiros ou por bombas colocadas nas estradas", relatou Macedo.
O sul-mato-grossense está na segunda missão no Afeganistão. Além dele, há outros quatro brasileiros no grupo: um paulista, dois mineiros e um gaúcho. "Tem um da Guiana Francesa que gosta de ser tratado como brasileiro", conta.
Macedo faz parte de um grupo encarregado de missões de apoio e de tomada de posição inimiga. "Sempre estamos acompanhados pelos americanos, que nos dão apoio aéreo, e pelo exercito afegão, que legitima nossas ações quando entramos nas casas para revista".
Os trabalhos de apoio são importantes para garantir a confiança dos afegãos. "Acompanhamos articuladores que oferecem rádios a pilha, geradores elétricos, entre outras coisas, para as pessoas das vilas e os chefes tribais; Isso não quer dizer que somos bem recebidos em todo lugar, já levei muita pedrada no capacete de crianças que nos jogam pedras quando passamos a pé pelas ruas".
No tempo livre, o contingente tem à disposição um bar e uma pizzaria. A venda de cerveja foi limitada após a morte de um soldado, atingido acidentalmente por rajada de tiros, disparada por um colega francês. "Quando não estou em missão gosto de ler Paulo Coelho e malhar. Ganhei um livro do Sidney Sheldon da minha irmã, mas ainda não li."
Jefferson Macedo só deve voltar para o Brasil em fevereiro de 2012, de férias, já que o contrato com a Legião acaba em janeiro de 2014. "Por enquanto, não penso em voltar ao Brasil, eu adoro meu trabalho, viajo o mundo e ainda ganho por isso. Sei que minha família sofre um pouco, mas no fundo, eles entenderam que é essa a minha vida".
Família
A mãe, a auxiliar administrativa Elizabete Macedo,de 50 anos, disse que o "espírito aventureiro" foi herdado pelo soldado do pai, Adélio Macedo, 50 anos. "Meu marido sempre viajou muito". Ela lembra o que o filho sempre dizia que "não nasceu para trabalhar em escritório".
Elizabete tem noção dos riscos que o filho passa, mas entende o fato de ele omitir algumas informações. "Tem coisas que ele não me conta,tem coisas que eu especulo, tem coisas que eu prefiro não saber." Ela disse que, mesmo após o fim do contrato, Macedo não deve retornar ao Brasil. "A saudade e a angústia são grandes, só posso orar e pedir a Deus para proteger ele", disse a mãe do soldado.
Com informações do G1 MS.
Reportar ErroDeixe seu Comentário
Leia Também

Mulher que envenenou ovo de Páscoa que matou criança agiu por ciúmes do ex

Julgamento do Núcleo 2 da trama golpista começa após feriado de Tiradentes

ProPatinhas: Governo Federal lança sistema gratuito de RG para cães e gatos

Brasil tem apenas uma empresa no top 100 internacional de melhores reputações

Minha Casa, Minha Vida: Conselho do FGTS aprova nova faixa de renda de até R$ 12 mil

Mutirões tentam dar dignidade a quem vive nas ruas, diz CNJ

Juliana Oliveira detalha episódio de estupro e diz que era trancada no banheiro do SBT

Brasil registra recordes em importações e exportações com a China e os EUA

Desembargador é afastado pelo CNJ após publicações político-partidárias
