Menu
Menu
Busca quinta, 25 de abril de 2024
Economia

Aumento das commodities influenciou o aumento do IPCA, diz Mantega

04 maio 2011 - 06h44Wilson Dias - ABr

Durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, nesta terça-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo está trabalhando para regulamentar o mercado de etanol, que deverá ser regido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Segundo o ministro, o governo passará a fazer mais exigências aos produtores, pois o etanol é considerado combustível. Na semana passada a presidenta Dilma Rousseff encaminhou ao Congresso Nacional Medida Provisória nº 532 que tem por objetivo regulamentar e fiscalizar a produção e distribuição do álcool anidro no país, bem como a importação do combustível.

Mantega fez a declaração, segundo a assessoria, ao apresentar as perspectivas para a economia brasileira para 2011. Ele reafirmou que o aumento do IPCA é explicado pelo aumento das commodities e por questões sazonais, especialmente no início do ano, como o excesso de chuvas de janeiro que elevou o preço dos hortifrutigranjeiros. Outro fator que acarretou o aumento do IPCA nos primeiros meses do ano foi a elevação das tarifas dos preços de ônibus e o aumento das mensalidades escolares.

O ministro considerou, entretanto, que os vilões da inflação são os itens alimentos e combustíveis. “Se nós olhássemos para o núcleo da inflação, o índice seria menor”, disse. Retirando esses itens, a inflação seria de 4,76% em 12 meses (março de 2010 a março de 2011), conforme Mantega.

“A inflação é uma questão fundamental. Vamos ficar sempre alertas para impedir que ela volte. Temos focos internos, especialmente no setor de serviços. Vamos zelar para impedir o contágio da inflação de commodities no Brasil”, completou.

Mantega disse ainda aos senadores que participam da audiência pública na CAE que o governo está utilizado todas as armas possíveis para impedir que haja reindexação da economia. “A inflação do passado não será colocada adiante”, destacou.

Entre os mecanismos que o governo utilizará para controlar a inflação estão o estímulo ao aumento da oferta de produtos agrícolas, os cortes das despesas públicas e medidas para conter a expansão do crédito e a pressão no consumo. O ministro citou ainda como instrumentos para controle de preços a diminuição da liquidez de crédito no mercado, elevação do custo do crédito para o consumidor (aumento do IOF de 1,5% para 3%) e taxação de 6% do IOF para empréstimos externos com menos de 720 dias, que visa evitar o aumento de fluxo de capital externo com fins especulativos.

“Isso não quer dizer que queremos reduzir a oferta de crédito, mas que ele cresça menos”. O crescimento atual está no patamar de 20% e para o ministro o ideal é de 15%. Com essas medidas, o governo estima atingir o crescimento sustentável da economia, com o PIB crescendo 4,5% em 2011 contra 7,5% em 2010.

Além disso, o governo espera moderar o crescimento da demanda, que deve cair de 10% em 2010 para 6% este ano. “Nós não queremos matar a demanda, porque ela é privilégio. Queremos amenizá-la de modo que seja compatível com o crescimento de 4,5%”. O importante, conforme o ministro, é que a consolidação fiscal não prejudique o investimento e não derreta a economia".

“Queremos reduzir a demanda de crédito e manter o investimento, que esse ano deve ser de 10%, ou seja, maior que o consumo e o PIB”, diz Mantega.

O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, senador Delcídio do Amaral (PT/MS), avalia que, em função dos preços das commodities (produtos de origem primária), o processo inflacionário não passa só pelo Brasil, mas por vários países, e, no caso brasileiro, a inflação acontece em função de situações como: a crise internacional de 2008 e 2009, a quebra na safra pelo excesso de chuva nos três primeiros meses do ano e a adição de 25% de álcool anidro, com preço em alta por conta da entressafra, adicionado à gasolina, fator que indiretamente proporcionou o aumento dos preços dos combustíveis. A questão deverá ser resolvida com a edição de uma Medida Provisória para enquadrar o etanol como combustível e não mais como produto agrícola.

"Isso significa que o etanol passa a ser monitorado pela ANP (Agência Nacional de Petróleo) e acredito que vamos ter condições de praticar preços mais adequados. Assim, com a safra de cana que está vindo aí, possivelmente teremos oferta maior e preços melhores. O item combustível é importante para todos os países e espero que o preço do petróleo caia no mercado internacional, colaborando com o esforço que o governo federal está fazendo para controlar a inflação", comentou o senador.

"Sem dúvida o ministro Mantega mostrou muita segurança, especialmente no que se refere ao controle da inflação, o compromisso de calibrar a economia olhando não só o processo inflacionário, mas também o crescimento e a distribuição de renda, demonstrando que o governo dispõe de outras alternativas e não apenas taxas de juros, que aumentam o endividamento, mas medidas macro-prudenciais, que olham a questão do crédito, enfim, uma série de alternativas que estão sendo colocadas em prática pelo Banco Central", disse Delcídio.

O parlamentar acredita que o Banco Central e o governo federal estão dando mostras claras de que o importante é compatibilizar controle da inflação com crescimento.

"Medidas, às vezes, quase que unilaterais, são fáceis. O problema é o estrago que isso traz para a economia e para a população, mas o governo está procurando essa compatibilização de medidas que possam trazer o controle inflacionário junto com o desenvolvimento, trabalhando com tranqüilidade e serenidade, usando todos os instrumentos para fazer com que a inflação chegue aos 4,5%, que é o centro da meta, e vamos alcançar isso por volta de março e abril de 2012, meta realista, já considerando todo um cenário que independe do Brasil", declarou.

A audiência durou 5 horas e teve recorde de participações, com a presença de 38 senadores; dos quais, 17 se inscreveram para debater com o ministro.

Reportar Erro

Deixe seu Comentário

Leia Também

Foto: Header
Economia
Pela 10ª vez, Mercado eleva projeção do PIB que deve ficar acima de 2% em 2024
Beneficiários de NIS final 6 recebem parcela do Bolsa Família nesta quarta
Economia
Beneficiários de NIS final 6 recebem parcela do Bolsa Família nesta quarta
Receita Federal
Economia
Receita Federal abre consulta a novo lote residual do IR
Novo Bolsa Família
Economia
Beneficiários de NIS final 5 recebem parcela do Bolsa Família nesta terça
Falta de investimento põe em risco funcionamento do Pix, diz Campos Neto
Economia
Falta de investimento põe em risco funcionamento do Pix, diz Campos Neto
Agência do INSS
Economia
Beneficiários do INSS começam a receber o 13º a partir desta quarta
Novo Bolsa Família
Economia
Beneficiários de NIS final 4 recebem parcela do Bolsa Família nesta segunda
Lula e Arata Ichinose
Economia
Honda anuncia investimento de R$ 4 bilhões no interior de São Paulo
Rendimento domiciliar do brasileiro chegou a R$ 1.848 em 2023
Economia
Rendimento domiciliar do brasileiro chegou a R$ 1.848 em 2023
Novo Bolsa Família
Economia
Beneficiários de NIS final 3 recebem parcela do Bolsa Família nesta sexta

Mais Lidas

AGORA: Capitão do Batalhão de Choque morre na Capital
Polícia
AGORA: Capitão do Batalhão de Choque morre na Capital
 Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) -
Justiça
MPMS investiga fraude em concurso da prefeitura de Sonora e recomenda suspensão
Piscineiro tem convulsão, cai em piscina e morre afogado
Polícia
Piscineiro tem convulsão, cai em piscina e morre afogado
Ronaldo Sorana
Entrevistas
JD1TV: Sicredi inaugura "super agência" na sexta