Por intermédio da Fiems (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul), uma delegação de empresários do Paraguai esteve ontem (28) na Assembleia Legislativa solicitando apoio para a articulação de mudanças na legislação do país vizinho. O objetivo é permitir a entrada de carretas bitrens brasileiras em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã (MS).
De acordo com o presidente da Fiems, Sérgio Longen, as alterações permitirão que indústrias do Estado voltem a movimentar carretas bitrens no Paraguai, aumentando a competitividade dos produtos locais no país vizinho e também no Mercosul.
“Hoje, é permitida a entrada de somente carretas com até três eixos, o que reduz expressivamente o volume de exportações do Estado para o Mercosul. Quando a nossa carreta não entra, levamos menos produtos via Paraguai, o que torna os custos mais elevados para o empresário e impacta também nas exportações do agronegócio”, explicou Longen.
A rodovia, que passa pelo município de Ponta Porã e segue até o Porto de Concepción, no Paraguai, a 220 quilômetros de Pedro Juan Caballero, é, atualmente, uma das principais rotas de exportações de grãos e produtos brasileiros para o Paraguai e outros países da América Latina.
“Vivemos em um mercado global, em que a competição é alta e nosso grande concorrente hoje é a China. Se quisermos mudar essa realidade, precisamos urgentemente de mudanças na legislação, para nos permitir rodar no país vizinho e usar o Porto de Concepción”, acrescentou o presidente da Fiems.
Em contrapartida, o Paraguai poderia entrar no Brasil, também via Mato Grosso do Sul, com calcário – bastante utilizado pelo segmento sucroenergético e de celulose – e cimento.
O ex-ministro de Indústria e Comércio do Paraguai, Gustavo Leite, que atualmente é o porta-voz do CRC Group, holding paraguaia de logística e infraestrutura, afirma que uma indústria de processamento e fabricação de calcário está em fase de implantação no país e, dentro de três anos, deve produzir dois milhões de toneladas por ano.
“Nosso principal gargalo é como escoar essa produção. Agilizar o desembaraço alfandegário de produtos locais para o Brasil seria muito importante para nós em uma relação bilateral, na qual todos sairiam ganhando”, disse Leite.