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Entrevista A

'As condições do mercado para os artistas do MS são restritas', diz Jair Damasceno

18 julho 2011 - 16h46Sato Comunicação

Nascido em Tefé-AM, Jair Damasceno é formado em Pedagogia e pós graduado em Administração de Recursos Humanos . No entanto, em 1973 iniciou suas atividades como ator de teatro, e em 1975 como bailarino. Desde então, expande e compartilha suas experiências na área artística através da dança e teatro, como ator, diretor, professor, dramaturgo, preparador corporal dentre outras funçõe;, já tendo recebido nove homenagens como artista atuante.

Jornal de Domingo - Qual é a sua visão sobre o mercado de trabalho para os artistas do Mato Grosso do Sul?

Jair Damasceno - As condições do mercado para os artistas do MS são restritas, tanto na Capital como no interior. As dificuldades são muitas, principalmente pela ausência de uma visão empresarial "vocacionada" para o investimento na produção artística regional. Essa realidade dificulta maior investimento do artista na sua profissionalização. Por outro lado, começam a surgir cursos na área acadêmica voltados para áreas distintas, mas não dispomos de cursos técnicos profissionalizantes, que como em qualquer profissão, são essenciais.

E investimentos como o do Fundo de Investimentos Culturais, o FIC, são de fundamental importância para a formação e capacitação de profissionais das artes cênicas. Recentemente, um projeto meu juntamente com a atriz Gláucia Pires foi aprovado, e estamos capacitando atores e bailarinos em um curso intensivo, chamado "Da Criação à Cena", que será realizado até o dia 30 de julho.

Jornal de Domingo - Como as políticas de incentivo podem auxiliar os artistas do Estado?

Jair Damasceno - Apesar dos investimentos serem tímidos, suprem parte das necessidades, tanto no que diz respeito à produção e difusão dos bens culturais, quanto à possibilidade de capacitar os profissionais. São essas políticas que possibilitam alguma visibilidade ao artista do MS.

Jornal de Domingo - Na sua opinião a cultura sul-mato-grossense é valorizada?

Jair Damasceno - Difícil falar sobre isso sem referir-se o fato de que historicamente houve pouco investimento e não apenas financeiro, na cultura brasileira. A população é sedenta de cultura e arte porque são elementos inerentes ao próprio ser humano, mas não são vistos como prioridade.

Jornal de Domingo - Temos muitos artistas no Estado, no entanto poucos conseguem sobreviver de sua arte. Quais são as possíveis alternativas para que esses profissionais possam se sustentar com seu trabalho?

Jair Damasceno - Fundamentalmente a mudança de paradigma, no que diz respeito à percepção da importância da arte e cultura.

Jornal de Domingo - Como os artistas do Estado podem formar novos espaços culturais no MS e como aproveitar os já existentes?

Jair Damasceno - Pela organização e reivindicação junto às autoridades e à comunidade empresarial.]

Jornal de Domingo - Considerando que cultura é também educação, qual é a importância da dança, da música, do teatro no desenvolvimento do ser humano?

Jair Damasceno - São elementos transformadores, educativos e conscientizadores.

Jornal de Domingo - Qual a importância do incentivo de projetos e oficinas culturais na infância?

Jair Damasceno - Importantes para despertar a visão de mundo do ser em formação. E restrita porque não há continuidade para permitir inclusive o surgimento de maior número de artistas.

Jornal de Domingo - Qual o significado do teatro de rua e como ele funciona no Estado?

Jair Damasceno - Não trabalho diretamente com Teatro de Rua, mas sou apreciador e considero um segmento importante dentro da estética teatral. Temos alguns grupos em Campo Grande e bem poucos no interior, desenvolvendo um trabalho a partir de pesquisa. Deveria ser mais incentivado porque é uma linguagem difícil, exige habilidades diferentes das dos atores, diretores e criadores do teatro em recinto fechado. Por outro lado, ele trabalha diretamente com um público em trânsito ou que se interessa em parar em qualquer local de ruas ou praças e assistir.

Jornal de Domingo - Como está, na sua opinião, o acesso de comunidades carentes à arte?

Jair Damasceno - É importante salientar que alguns programas, quase todos governamentais, vêm procurando suprir de algum modo as necessidades. Pensar que temos muitas comunidades carentes em todos os fatores e claro, que efetivamente no tocante à arte. Muitas vezes isso gera uma confusão porque alguns projetos colocam o público como mero assistente, quando um trabalho de base deveria ser feito para revelar e manter artistas das próprias comunidades. Não existe carência de potencial criativo em qualquer nível econômico ou cultural, de qualquer população, o que existe é falta de oportunidade.

Jornal de Domingo - Muitos atores do MS tem o sonho de alcançar o auge da carreira atuando em grandes produções brasileiras. Qual é o seu conselho para essas pessoas?

Jair Damasceno - Descobrir-se enquanto artista e ator, que são coisas distintas também e preparar-se continuamente como se faz em qualquer profissão. Trabalhar suas habilidades, desenvolver-se intelectualmente e artisticamente. Tornar-se um profissional "capaz". A atriz Fernanda Montenegro diz que quando alguém pergunta algo parecido a ela, o conselho que dá é que "desistam". Endosso, pelo fato de que há uma ilusão e troca de valores porque algumas figuras obtém sucesso, às vezes bem rápido e quase que milagrosamente, sem preparo algum. Não quero tecer comentários sobre como isso pode acontecer e não só no Brasil. O público até que sabe distinguir isso, mesmo que às vezes não se importe, como não se importa com muitas outras coisas que acontecem.

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