O ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, 65, e o presidente de honra da Fifa, João Havelange, 96, receberam 21,9 milhões de francos suÃços (R$ 45,5 milhões) em subornos da empresa de marketing esportivo ISL. Isso está confirmado no dossiê do caso ISL liberado nesta quarta pela Justiça suÃça. (veja a Ãntegra, em inglês e PDF)
A ISL foi durante a década de 1990 e o inÃcio da última década a principal parceira comercial da Fifa. Quando faliu há 11 anos, um processo judicial na SuÃça demonstrou que houve pagamentos de mais 160 milhões de francos suÃços para dirigentes em troca de benefÃcios nas negociações comerciais, envolvendo direitos de televisão e marketing.
Apesar das acusações de envolvimento dos cartolas brasileiras - feitas pela emissora britânica BBC e pelo jornal suÃço "Handelszeitung" - , o processo judicial sempre vinha sendo mantido em sigilo até agora, quando foi liberado para jornalistas que tinham entrado com ação pedindo a transparência integral dele. A Folha teve acesso ao dossiê por meio de um dos jornais que o obtiveram hoje.
Na ação, está descrito que Teixeira ganhou 12,74 milhões de francos suÃços (equivalente hoje a R$ 26,5 milhões) por meio da empresa Sanud, cuja ligação com o cartola já tinha sido estabelecida por meio da CPI do Futebol, no Senado. A Renford Investments Ltd foi outra empresa, com ligações com Havelange e Teixeira, que recebeu 5 milhões de francos suÃços (R$ 10 milhões). Não sabe qual a divisão do dinheiro entre os dois neste caso.
Havelange ainda recebeu outro pagamento de 1,5 milhão de francos suÃços (R$ 3,1 milhões). Essa transferência irregular ao cartola era conhecida pelo presidente da Fifa, Joseph Blatter, segundo o dossiê ISL. Todas essas transferências foram feitas por uma das subsidiárias da ISL de 1990 até 1998.
Mas, a partir de 1999, outra empresa do grupo ISL também passou a fazer pagamentos para a Redford. Foram pagos mais 2,465 milhões em francos suÃços para a Redford, de propriedade de Teixeira e Havelange.
Outro lado
Por meio de sua secretária, o advogado de Ricardo Teixeira, José Mauro do Couto, informou que não falaria sobre o caso. O cartola atualmente mora em Miami (EUA), mas ainda tem cargo de assessor na CBF.
Já o advogado suÃço de Havelange, Marco Niedermann, não estava em seu escritório em Zurique. Segundo funcionário do escritório, ele só voltará a Zurique na próxima semana, quando decidirá se irá comentar a decisão. Era ele, juntamente com o advogado suÃço de Teixeira, quem tentava barrar a publicação dos documentos.
Em 2010, durante a Copa, Teixeira e Havelange fizeram um acordo com a Justiça suÃça. Nele, pagaram uma quantia não revelada para em troca não tivessem o nome revelado publicamente.
Quem são
Teixeira assumiu a CBF em 1989 e deixou a entidade em março deste ano. Na mesma época, saiu do COL (Comitê Organizador Local da Copa do Mundo-2014) e do comitê executivo da Fifa. Alegou problemas pessoais e de saúde. Ainda em março, a reportagem da Folha tentou procurar Teixeira em sua casa em Miami, mas não foi recebida.
Havelange foi presidente da Fifa por 24 anos - o último antes de Blatter. Ele ainda é presidente de honra da entidade. Em dezembro do ano passado, pediu desligamento do COI (Comitê OlÃmpico Internacional) por motivos de saúde. A saÃda foi entendida como uma medida para evitar uma possÃvel expulsão devido ao caso ISL.
Via Folha