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"Choro, mas prefiro ver as notícias a esquecer", diz mulher de Anderson

15 abril 2018 - 09h23Agência Brasil

Há um mês, desde que o marido Anderson Pedro Gomes, 39 anos, foi assassinado com três tiros, Ágatha Arnaus Reis e o filho Artur, de 1 ano e dez meses, moram com a mãe dela, em Inhaúma, na zona norte do Rio de Janeiro. A vida segue entre burocracias relacionadas à morte de Anderson, o tratamento do filho com deficiência e a expectativa para a solução do crime. Para Ágatha, as investigações devem ser feitas de forma sigilosa e sem açodamento.

“Não cabe também apresentarem uma pessoa e depois falarem que estão enganados, que é outra, então, que corra do jeito que tem que ser feito”, afirmou a viúva, que costuma trocar mensagens com parentes da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) para quem Anderson trabalhava no dia da morte dele. O motorista trabalhava para a vereadora em geral às terças-feiras e no dia do assassinato completou dois meses que ele prestava os serviços para ela.

Na tentativa de buscar forças e superar a violência do assassinato, Ágatha tem apoio nos parentes e amigos. "A minha família sempre foi muito presente e a dele também. A gente mora em bairros vizinhos e eu vou muito lá também. A minha família e a dele participam muito da minha vida e da vida do Artur como já era sempre. Agora, eu preciso mais, mas eles já eram muito presentes”, afirmou.

Espírita, Ágatha se apega à doutrina para aplacar a saudade. Segundo ela, o espiritismo explica os significados e motivações dos acontecimentos mais dolorosos da vida, mas está difícil seguir os ensinamentos. “Eu esbravejei. Falei que não era justo. Fiquei com raiva de Deus porque a gente tinha muita coisa para fazer ainda e tento ficar pensando nos motivos, na situação. Escuto muita gente, mais voltada ao Espiritismo, falando que era a hora dele, tanto que foi tão rápido e Deus foi bom com ele, essas coisas, mas nada, mesmo a gente acreditando e dando uma amenizada, a gente não consegue ficar tranquila”, disse.

Para a viúva, é doloroso ver o filho e saber que ele não terá o pai ao lado para ver o seu desenvolvimento. “Desde a gravidez eu soube que o Artur ia ser um bebê que precisaria operar com 16 semanas. Fiz um exame que furaram minha barriga ainda grávida para tirar líquido amniótico. Então, a gente passou muita coisa mesmo e ele não ver o desenvolvimento do Artur depois de ter passado tudo isso, me magoou muito mesmo sabendo que ele está vendo em um outro lado [no plano espiritual]. É muito dolorido tirarem a vida de uma pessoa que ainda tinha muita coisa para fazer. Dá um nó na cabeça. É o que mais me dói no momento”, disse.

Na tentativa de retomar a normalidade, Ágatha voltou a trabalhar como agente de pessoal no Centro Integrado de Educação Pública (CIEP), de Tomás Coelho, na zona norte, onde o carinho e a atenção são constantes. “Muita gente me parava no corredor e falava comigo”, disse. “As pessoas me param nas ruas e perguntam se podem me abraçar. Eu confesso que gosto de receber este carinho e ver as notícias. Eu choro, junto com a mãe dele, mas prefiro ver do que ir esquecendo.”

Simbolismo

A morte do motorista Anderson Gomes representa mais do que a perda de um marido para Ágatha Reis. O assassinato dele na noite do dia 14 de março, no Estácio, região central do Rio, ao lado de Marielle Franco virou um símbolo de resistência à violência. Ágatha lembra que ela e o marido, no dia seguinte às mortes, iriam ao endocrinologista do filho.

“O Anderson nem ficou sabendo da conclusão das coisas. O Artur começou o tratamento hormonal e faz a maior diferença, agora, no desenvolvimento dele. Dói muito o pai não estar presente, porque a gente passou por tantas coisas juntos, principalmente, na fase de querer ter filho e nessas coisas [do tratamento] com o Artur. O Anderson me faz uma falta tremenda, principalmente, na criação do nosso filho, no dia a dia”, disse Ágatha à Agência Brasil.

A viúva por um momento se perde entre lembranças e fotografias: “Nós éramos muito amigos de conversar sobre qualquer besteira. Nossos momentos de almoço e de janta, quando a gente estava junto, eram sempre sentados conversando. Eu perdi mais que um marido, perdi um amigo porque nós éramos amigos mesmo. Não sei nem descrever a falta que eu sinto”.

Segundo Ágatha, a vinda de Artur era um desejo de Anderson, que sonhava em ser pai. “Foi ele que me pediu para parar de tomar remédio, porque a nossa diferença de idade é significativa. Ele não tinha outros filhos, então, ele ficou bem contente [com o anúncio da gravidez]”, disse.

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