A Santa Casa de Campo Grande retomou cirurgias para transplante de rim por meio de doador falecido na sexta-feira, 4, e desde então quatro pessoas já foram transplantadas com sucesso. O retorno desta modalidade junto aquela de doadores vivos dá novo ânimo aos 340 pacientes cadastrados pela Central Estadual de Transplantes, mas quem já tem o diagnóstico recomendando passa de mil.
A médica nefrologista Thais Vendas explica que a Santa Casa nunca deixou de fazer transplantes de pacientes vivos, que normalmente a doação acontece entre familiares. Ela explica que no passado o hospital já chegou a fazer 70% dos transplantes com doador falecido. “A Santa Casa tem um potencial grande para transplantes porque todos os traumatizados são trazidos pra cá”, explica.
A médica, que também é chefe da equipe renal da Santa Casa, destaca que o interior do Estado tem grande potencial de doadores falecidos, porém a falta de informação sobre o assunto por parte dos familiares acaba dificultando o processo.
“Sabemos de inúmeros casos de famílias que chegam aqui com paciente com morte cerebral e quando falamos no transplante não têm a menor noção sobre o assunto”, revela ressaltando que o rim precisa ser transplantado em até 48 horas com a confirmação de morte. Diferente do coração que tem prazo menor de quatro horas.
Depois de um ano e meio sem fazer transplante de doador falecido, o maior hospital do Mato Grosso do Sul está com quatro pacientes internados. Um deles, Enzo Luiz Conceição Guimarães, 50 anos, recebeu rim no dia 4, depois de cinco anos na fila de espera e fazendo hemodiálise. “Minha maior vontade é de sair daqui, ver meus dois filhos”, comemora o paciente que é técnico de enfermagem.
No quarto ao lado de Enzo Luiz estão José Carlos dos Santos, 53 anos, e Ademir Aparecido, 50 anos. Os dois receberam um rim de um mesmo doador falecido, que era paciente da própria Santa Casa.
A presidente da Associação de Doentes Renais Crônicos e Transplantados de MS, Maura Jorge, que é transplantada há 16 anos, por meio de doador falecido, aproveita a volta do sistema para apelar para que não pare como aconteceu em outras vezes. “A gente fica bastante otimista com esta volta. Isto dá outro ânimo para quem está na fila de espera, mas pedimos para que não parem. Tem muita gente sofrendo fazendo hemodiálise ainda”.
A coordenadora da Central Estadual de Transplantes, Claire Carmem Miozzo explica que até chegar a vez de ser transplantado, o paciente primeiro precisa receber diagnostico médico de que o rim está entrando em falência. Depois o médico avalia a necessidade de um transplante e pergunta se o paciente quer, porque alguns, inclusive por motivos religiosos, não aceitam.
Caso o paciente diagnosticado tem vontade de transplantar, o médico o encaminha para uma equipe transplantadora que faz uma bateria de exames para avaliar seu quadro de saúde e também fazer um banco de dados, objetivando fazer o cruzamento de compatibilidade. Com exames em mãos, o paciente é cadastrado na Central Estadual de Transplantes, que fica na Avenida Afonso Pena, 3547. O telefone para informações é o 3312-1400.
Doação
Para ser um doador, a pessoa precisa apenas informar a família e deixar bem claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito. Porém, os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte do doador. Existe ainda a possibilidade de doação em vida, o que normalmente ocorre entre parentes por conta da maior chance de compatibilidade.
Via Midiamax
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