Menu
Menu
Busca quinta, 25 de abril de 2024
Justiça

Os desencontros do MP

Dois promotores podem ter posturas totalmente diferentes num mesmo caso e tomar rumos opostos

06 abril 2019 - 08h54Da redação    atualizado em 06/04/2019 às 11h07

Como dois promotores podem ter posturas totalmente diferentes num mesmo caso e tomar rumos opostos? O caso em questão é um prato cheio para os críticos do Ministério Público. Ele revela que é possível perder tempo custeado pelo erário público, portanto com dinheiro nosso, por falta de cuidados básicos, ou de não se ter a obrigação de tomar alguns cuidados que seriam necessários, tais como cruzar informações.

A parte, hoje talvez a vítima, é a oncologista Rafaela Moraes Siufi Silva, filha de Adalberto Siufi, envolvida em rumoroso caso no Hospital de Câncer, que foi acusada de improbidade administrativa. A “denúncia” feita contra ela partiu do ex-diretor do Hospital, Carlos Alberto Coimbra.

Ele a fez em duas frentes, no Ministério Público Estadual (MPE) e no Ministério Público Federal (MPF). No estadual, os fatos caíram nas mãos do duro promotor Marcos Alex que, após analisar a defesa da filha de Adalberto Siufi, mandou arquivar a denúncia, aceitando os argumentos da defesa.

Após isso, o MPF, que recebeu a mesma denúncia, devolveu a peça ao MPE e se declarou incompetente. O caso (pela segunda vez) chega ao MP de MS, agora nas mãos do promotor Adriano Lobo, que manda denunciar Rafaela.

Vozes do MP, ouvidas pelo JD1 Notícias, afirmaram, em “off”, que uma segunda ação só poderia ser iniciada pelo MPE com a existência de fatos novos, o que não havia, mas a peça oriunda do MPF e que originou a ação, já arquivada por outro promotor – Marcos Alex –, anteriormente, é a mesma.

O segundo promotor envolvido na questão, Adriano Lobo, e que mandou dar prosseguimento à denúncia, argumentou contra um arrazoado do advogado da Rafaela Siufi, André Xavier, afirmando que as promotorias têm autonomia entre si.

Nem o próprio MP, representado pela procuradora de segundo grau Mara Bravo, que representa o Ministério Público em julgamentos no Tribunal de Justiça, se convenceu com esses argumentos, e votou pelo fim do processo. A decisão final tem termos ácidos, grafados pelo desembargador Renato Pavan, ao se pronunciar sobre o caso.

Manifestação do desembargador Renato Pavan tem trechos incisivos – “O que se vislumbra no caso, infelizmente, é mais um daqueles casos em que o Ministério Público propõe, sem qualquer base ou fundamento legal, ação civil pública que somente vem denegrir a imagem das pessoas, não se encarregando, depois, de propor uma 'errata' para levar ao conhecimento do público que tanto a investigação quanto a ação proposta foram – este, sim – atos que devem merecer o repúdio de cidadãos de bem, como a agravante, que a qualquer momento pode ser investigado sem saber que o é e, pior, posteriormente acusado de um ato desonesto, ilegal, que cometeu”.

Entenda o caso

Conforme relato da defesa, Rafaela era concursada da Prefeitura de Campo Grande e trabalhava 20h/semanais.  Ela também atuava no Hospital de Câncer em dias não coincidentes com o trabalho na prefeitura.

O lugar onde Rafaela trabalhava passou por reformas neste período e a mesma ficou sem local para exercer suas funções e assim recebia salário sem produzir. De modo que a acusada, segundo o Ministério Público, foi transferida para o Hospital de Câncer para, além dos atendimentos que já fazia, atender também às segundas-feiras, dias que não coincidiam com o atendimento no município.

Nas terças e quintas-feiras, ela desempenhava o restante da carga horária do município dando aulas aos residentes de pediatria da Santa Casa local, por causa de convênio firmado com a prefeitura. Desse modo, as 20h/semanais que ela deveria cumprir no local que havia sido fechado para reforma foram remanejadas.

Assim, o administrador do Hospital de Câncer fez duas denúncias contra Rafaela no Ministério Público Estadual e outra no Ministério Público Federal. Em sua denúncia, o mesmo alegou que ela estaria recebendo do município para fazer o trabalho para o qual o hospital já a pagava, fato desmentido pela defesa.

Reportar Erro

Deixe seu Comentário

Leia Também

Messias durante o julgamento nesta quarta-feira (24)
Justiça
Com apenas duas mulheres na bancada, Messias é condenado por feminicidio
Vereador Claudinho Serra
Justiça
Advogado pede reconsideração de liminar para soltura de "Claudinho Serra"
Fachada do TCE-MS
Interior
TCE 'barra' chamamento público de R$ 12 milhões para gerenciamento de saúde em Selvíria
Dinheiro apreendido na operação contra o grupo criminoso -
Interior
Ex-pregoeira presa em Sidrolândia alega ser mãe solteira e pede liberdade
"Playboy da Mansão" Marcel Costa Hernandes Colombo, 31 anos, foi assassinado com tiros de pistola 9mm
Justiça
Após derrotas recursais, 'Jamilzinho' vai a júri pela morte de 'Playboy da Mansão'
O corpo da vítima foi encontrado carbonizado, com algemas nas mãos e marcas de tiros -
Justiça
'Vitinho do Carandiru' é condenado a 10 anos de prisão por homicídio em Campo Grande
Deputada Carla Zambelli (PL)
Justiça
Zambelli é acusada pela PGR por "autoria intelectual" de ataque hacker
Lewandowski prorroga treinamento da Força Penal Nacional em Mossoró
Justiça
Lewandowski prorroga treinamento da Força Penal Nacional em Mossoró
MPMS investiga contrato milionário entre Prefeitura de Ladário e escritório de advocacia
Justiça
MPMS investiga contrato milionário entre Prefeitura de Ladário e escritório de advocacia
mpms compressed
Justiça
MP apura possível crime eleitoral na transferência de títulos de indígenas em Dourados

Mais Lidas

AGORA: Capitão do Batalhão de Choque morre na Capital
Polícia
AGORA: Capitão do Batalhão de Choque morre na Capital
 Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) -
Justiça
MPMS investiga fraude em concurso da prefeitura de Sonora e recomenda suspensão
Piscineiro tem convulsão, cai em piscina e morre afogado
Polícia
Piscineiro tem convulsão, cai em piscina e morre afogado
Ronaldo Sorana
Entrevistas
JD1TV: Sicredi inaugura "super agência" na sexta