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Spider já anda de muletas e pergunta a médico: 'Quando volto a treinar?'

31 DEZ 2013 • POR Via SporTV • 10h45
Anderson Silva grita de dor logo após a lesão no UFC 168. (Foto: Reuters)
O cirurgião ortopedista Steven Sanders, que operou o ex-campeão dos pesos-médios do UFC, Anderson Silva, explicou nessa segunda-feira, em uma conferência por telefone fechada a alguns membros da imprensa internacional, detalhes da cirurgia realizada na madrugada de sábado para domingo no Centro Médico Universitário de Las Vegas. Ele afirmou que o brasileiro está se recuperando muito bem.

"Falando de uma forma geral, as pessoas que sofrem esse tipo de lesão ficam no hospital por alguns dias, porque precisamos tomar alguns cuidados de ordem preventiva, como monitorar o nível de dor e tomar antibióticos. Nos dias seguintes, ele também deve iniciar fisioterapia. É um processo longo e eu não posso dizer se ele receberá alta hoje, amanhã ou depois. Cada dia é um novo dia, então estamos falando de um dia por vez.  Ele não receberá alta hoje (segunda)" declarou o médico.

Dr. Sanders ainda revelou que, apesar de fazer menos de 48 horas que o brasileiro se submeteu à cirurgia, ele já está se movimentando de forma limitada e inclusive já fez uso de muletas no quarto do hospital:

"Faz menos de 48 horas que ele passou pela cirurgia e já o vi utilizando muletas. Eu acho isso maravilhoso porque não sei se conseguiria fazer isso de forma tão rápida!"

O médico também contou detalhes do procedimento feito em Anderson e revelou que inseriu uma placa de titânio de 11,4 milímetros de diâmetro na tíbia do lutador através do joelho esquerdo.

"Nós a parafusamos no osso e também utilizamos dois parafusos acima do tornozelo para prevenir rotação e estabilizar o osso. A fíbula também estava quebrada da mesma forma, mas por diversas razões optamos por não fazer uma cirurgia separada nessa área, pois teríamos que abrir um corte na região, o que poderia gerar infecção pela exposição ao ambiente, ou ainda arriscar estressar a reparação da tíbia. Nós acreditamos que a fíbula vai se curar sozinha."

Segundo o depoimento do cirurgião, assim que chegou ao hospital, a primeira coisa que Spider o questionou foi "Quando vou poder voltar a treinar?". O procedimento cirúrgico demorou em torno de uma hora, e a haste inserida no corpo de Anderson não deverá ser retirada no futuro:

"A placa de titânio se adapta muito facilmente ao corpo humano e, nesse caso, não precisa ser removida, pode ficar na perna dele para o resto da vida. A fratura aconteceu longe da articulação, portanto o osso deve sarar e voltar a ter a mesma força de antes. O único problema são os tecidos ao redor da fratura, que podem precisar de mais tempo para se recuperar. Foi uma lesão bastante severa, mas poderia ter sido pior. Se a pele tivesse se rompido ali no octógono, aumentariam as chances de infecção e poderia ter interrompido a circulação de sangue ao pé, podendo até ocasionar uma amputação. Mas no caso do Anderson, o problema real ali no momento era que, como a pele não se rompeu, ela ficou segurando a perna dele junta e, quando isso acontece, você acaba tento um estresse muito grande nos músculos e nos tecidos da região."

O cirurgião ortopedista do UFC ainda descartou que Anderson Silva tivesse uma pré-lesão nos ossos da canela ou qualquer condição que pudesse ter ocasionado a fratura:

- Pelo Raio-X dá para ver, além das fraturas, a característica dos ossos. Eu tentei ver se havia alguma micro fratura no osso, especialmente porque ele já vem treinando há tanto tempo, está com 38 anos e acostumado a esse tipo de chutes. Mas a natureza do osso dele estava completamente normal, não havia nada que explicasse ou que indicasse uma pré-disposição para esse tipo de lesão. Do ponto de vista médico, o que aconteceu com o Anderson, caso ele volte a treinar, não deve deixá-lo com uma pré-disposição maior para sofrer nova lesão no futuro na área afetada.

Dr Sanders trabalha para o UFC desde que a organização foi adquirida pelos irmãos Fertitta e atua na cidade de Las Vegas desde 1991. O médico afirma que o processo de reabilitação de Anderson já começou e que ele vai ter que trabalhar lentamente a rotação da perna afetada, fazendo exercícios e sessões de fisioterapia:

- Eu não posso precisar quando ele poderá colocar a perna no chão, mas assim que a dor melhorar ele poderá começar a colocar mais peso na perna. A reabilitação real que ele terá que fazer será nos músculos, que vão se atrofiar no tempo que ele ficar parado. O osso se cura sozinho, são os músculos que precisam ser trabalhados. E é preciso dizer que a idade dele não o coloca em risco ou não deixa o processo de recuperação mais lento. Eu diria que, no melhor cenário possível, ele poderia voltar a treinar em seis a nove meses.

Quanto ao aspecto mental e emocional, o médico disse que Anderson se comporta como qualquer paciente que sofre um tipo de fratura grave:

- Quando um paciente sofre uma fratura dessa dimensão e do jeito que o Silva sofreu, isso é algo que ele terá que digerir sozinho. Como lutador, Anderson está em uma categoria diferente dos demais pacientes porque já foi exposto a muitas situações de dor. Eu acredito que ele vai superar isso sem problemas - finalizou o médico.