Cultura

Com Cauã e Isis Valverde, 'Amores Roubados' é planejada há décadas

2 JAN 2014 • POR Via Terra • 09h37
Cauã Reymond e Isis Valverde em cena da minissérie da TV Globo, que estreia na próxima segunda-feira (06). (Foto: TV Globo/Divulgação)
A complexa relação entre traição, culpa e paixões proibidas sempre alimentou clássicos da literatura e despertou a curiosidade popular. E é exatamente na junção desses temas que nasce Amores Roubados, minissérie que a TV Globo estreia na próxima segunda-feira (06) em sua programação.

Baseada no romance A Emparedada da Rua Nova, do pernambucano Carneiro Vilela, a história gira em torno de Leandro (Cauã Reymond), uma espécie de "Casanova do sertão". Publicado originalmente entre 1909 e 1912, no Jornal Pequeno, do Recife, o texto chegou às mãos do roteirista George Moura – que também assinou O Canto da Sereia (2013) - na década de 1980.

Empolgado com a ideia de fazer uma adaptação para a TV, ele chegou a apresentar a história ao diretor José Luiz Villamarim quando trabalharam juntos em Rei do Gado, de 1996. Mas só agora, 18 anos depois, a dupla conseguiu concretizar o projeto.

"Entre um compromisso e outro de trabalho, fomos dissecando A Emparedada, como se fosse um longo ritual de preparação até que viesse a se transubstanciar na minissérie", explica Moura.

Na história, depois de deixar a fictícia cidade de Sertão para ir a São Paulo, Leandro retorna à cidade natal como um sommelier sofisticado. Bom de lábia, conquista as amigas Celeste e Isabel, vividas por Dira Paes e Patrícia Pillar. Até conhecer Antônia, filha de Isabel e Jaime (Murilo Benício), o maior produtor de vinho da região.

Os dois, então, se apaixonam verdadeiramente, mas se envolvem em uma trama de ciúme e vingança. Na obra original, uma jovem burguesa, grávida do namorado, é emparedada viva, em seu próprio quarto, a mando de seu pai. "É um trabalho do qual me orgulho muito. Leandro é um homem viril, mas também tem um lado forte obscuro, o que me cativou no personagem", exalta Cauã.

Para produzir os dez capítulos da minissérie, elenco e equipe viajaram para Petrolina (PE) e Paulo Afonso (BA), onde a maior parte das cenas foram captadas. As locações, escolhidas através de uma pesquisa iconográfica, ajudaram os atores a compreenderem melhor o universo de seus personagens. Mas gravações externas costumam ser bem mais trabalhosas do que em estúdio. Além de lidar com o forte calor, o elenco precisou ter jogo de cintura com a legião de fãs e curiosos que pararam para ver o que estava acontecendo nas locações.

"As pessoas ficavam na porta do nosso hotel e, enquanto a gente não aparecia, não sossegavam. Chegavam 6 horas da manhã e iam embora às 21h. Gritavam. Foi uma loucura!", recorda Isis Valverde, que, apesar do assédio, não se deixou intimidar e saiu às ruas, disfarçada, para conhecer o ambiente em que sua personagem foi inserida - e, como Antônia gosta de fotografar, a atriz resolveu tirar algumas fotos como laboratório. "Falava que ia fotografar para o jornal da cidade e todo mundo acreditava. Às vezes alguém me chamava, mas raramente isso acontecia", ela lembra.

Apesar de escalar nomes consagrados da televisão, como Osmar Prado, Patrícia Pillar, entre outros, a direção da atração optou por chamar também atores desconhecidos locais, do Nordeste. A ideia foi lançar novos rostos, para, assim, contribuir para a naturalidade da prosódia que permeia a minissérie.

"A mistura de atores consagrados com novos talentos, convivendo, fazendo laboratório e passando uma temporada de imersão no sertão gera uma maneira de interpretar mais realista, que eu chamo de interpretação documental", filosofa Villamarim.

A atração será exibida a partir da próxima segunda-feira.