Cultura

Woody Allen diz a site que acusação de filha adotiva é 'falsa e vergonhosa'

3 FEV 2014 • POR Vai G1 • 10h42
Woody Allen na pré-estreia de 'Para Roma, com amor', no Festival de Cinema de Los Angeles, em 2012. (Foto: Mario Anzuoni/Reuters)
Um representante de Woody Allen divulgou ao site da rede de TV CNN uma resposta sobre as acusações de abuso sexual pela filha adotiva do diretor. "O senhor Allen leu o artigo e o considerou falso e vergonhoso. Ele vai responder em breve", disse o agente nesse domingo (02), de acordo com o site.

"Na época, uma completa investigação foi conduzida por especialistas independentes apontados pela corte. Eles concluíram que não houve evidência de abuso; Dylan Farrow tinha inabilidade de distinguir entre fantasia e realidade, e foi provavelmente instruída por sua mãe Mia Farrow. Nenhuma acusação foi registrada", isse o representante à CNN.

Acusação e respostas
Dylan Farrow, filha adotiva de Woody Allen, relatou no sábado (1º), em carta ao jornal The New York Times, os supostos abusos sexuais aos quais foi submetida pelo cineasta quando tinha sete anos. As acusações voltaram à tona após o tributo ao ator e diretor na festa do Globo de Ouro, no dia 12 de janeiro.

A Sony Pictures Classics, estúdio pelo qual Allen lançou seu filme mais recente, também divulgou uma resposta à carta, dizendo que o cineasta "merece a presunção de inocência". A atriz Cate Blanchett, uma das estrelas de filmes de Allen citadas na carta, comentou o texto: "É obviamente uma situação longa e dolorosa para a família, e eu espero que eles encontrem resolução e paz", disse Cate, de acordo com o jornal The Guardian.

A carta de Dylan, publicada no site do jornal, detalha o suposto assédio do diretor, que teria ocorrido no começo dos anos 90. O texto se detém em um episódio ocorrido quando ela tinha apenas sete anos. Segundo diz na carta, Allen a levou para o sótão de sua casa e cometeu o abuso, o que levou a menina a denunciar a situação para sua mãe, Mia Farrow, que rompeu sua relação com o cineasta.

Não é o único escândalo sexual que ronda a biografia de Woody Allen. Em 1992, o diretor se separou da atriz Mia Farrow, com quem ficou casado por 13 anos. A ex-mulher descobriu o romance do marido com Soon Yi Previn, filha adotada por ela antes do casamento com o cineasta.

Na ocasião, Mia também acusou o diretor de abuso sexual (ela teria achado fotos da filha nua no apartamento do marido). Allen, apesar de não ser condenado, perdeu a guarda dos filhos e passou a viver com a Soon Yi, então com 19 anos. Especulou-se na época que o romance teria começado quando a menina tinha 13 anos, o que configuraria o crime, jamais provado, de pedofilia.

O segundo suposto abuso, contra Dylan Farrow, foi divulgado em 1993, mas o cineasta sempre negou a denúncia. A acusação acabou sendo retirada, por isso ele nunca foi julgado. Após guardar silêncio durante anos, Dylan Farrow divulga a carta, depois que seu irmão, Ronan, criticou o tributo ao cineasta no Globo de Ouro.

Dylan Farrow agora tem 28 anos. Ela diz na carta que o assédio de Allen a levou a sofrer problemas alimentares e a problemas para se relacionar com homens.

"Cada vez que via o rosto de meu abusador - em um cartaz, em uma camiseta, na televisão -, só podia esconder meu pânico até encontrar um lugar para ficar sozinha e me esconder", diz.

Além disso, a jovem critica a atitude da maior parte das estrelas de Hollywood por passar por cima dos supostos abusos de Allen.

"O que faria se tivesse sido sua filha, Cate Blanchett? Louis CK? Alec Baldwin? E se tivesse sido você, Emma Stone? Ou você, Scarlett Johansson?", pergunta Farrow a alguns artistas que trabalharam com Allen.

Segundo a jovem, "Woody Allen é um testemunho vivo do modo no qual nossa sociedade julga os sobreviventes de ataques sexuais e abusos".

O jornalista do The New York Times, Nicholas Kristof, que fez o contato com Dylan para a publicação da carta, diz que tentou falar com Woody Allen para comentar as acusações, mas ele se recusou a falar. Leia a carta completa, em inglês, no site do The New York Times.