Esportes

Uruguaios revivem Maracanazo na tela de cinema

14 MAR 2014 • POR Via Folha • 11h57
Público assiste ao documentário 'Maracaná', sobre a Copa de 1950, no estádio Centenário. (Foto: Pablo Porciuncula - 12.mar.14/AFP)
Com direito a "ola", sorteio de passagens para Uruguai x Inglaterra, pela Copa, em São Paulo, e entrevista com Ghiggia, autor do gol da virada uruguaia ante o Brasil na decisão de 1950, "Maracaná", documentário que chega aos cinemas de Montevidéu em 27 de março, levou 10 mil pessoas ao estádio Centenário para a pré-estreia anteontem.

Uma coprodução Brasil-Uruguai dirigida pelos uruguaios Sebastián Bednarik e Andrés Varela, o filme recupera os dias anteriores ao Maracanazo, a inesperada derrota por 2 a 1 dos anfitriões brasileiro para o Uruguai, na Copa de 1950.

De acordo com Bednarik, "Maracaná" será apresentado em todas as cidades-sede da Copa, dentro do festival Cinefoot. A previsão é que estreie no Brasil antes do início do Mundial, em junho.

O filme custou US$ 400 mil, utilizados especialmente na compra de direitos.

Metade das imagens usadas foi retirada do arquivo de Milton Rodrigues. Contratado por uma empresa italiana, o cineasta e irmão mais velho do dramaturgo Nelson Rodrigues eternizou o torneio em um registro que depois teria um destino errático por conta de sucessivos incêndios.

"Estávamos em busca desse material, fomos à Europa atrás disso, e eis que na Cinemateca Uruguaia aparece uma telecinagem [quando um filme de cinema é transposto para o vídeo] com 70 minutos dessas imagens, em 35 mm, o que nos permitiu sua digitalização", afirma Bednarik. "Das 17 fontes de que usamos no documentário, 50% delas saem daí."

Ghiggia, 87, que contextualiza boa parte das situações apresentadas no filme, foi aplaudido de pé na pré-estreia, enquanto entrava de bengala em um palco montado no meio do estádio.

Ele contou que o melhor que recebeu da vitória em 1950 foi saber que deu "alegria à sua gente".

Durante a projeção, todos os gols do Uruguai foram aplaudidos ruidosamente.

O brasileiro Zizinho também foi ovacionado, especialmente quando comenta no filme que só o "tempo" o ajudou a parar de ter pesadelos com aquela derrota.

Segundo Bednarik, o documentário ajuda a explicar algo que talvez já não seja bem compreendido pelos mais jovens e que teve conotações extra-futebolísticas.

"O filme apresenta a questão da manipulação do futebol em termos políticos. O Brasil é o país que mais lançou livros e fez reportagens sobre o que aconteceu."