Interior

Confundidos com pistoleiros, policiais federais são detidos por indígenas em MS

Agentes circulavam pela retomada armados e sem identificação, mas foram identificados e liberados pela comunidade

30 SET 2022 • POR Vinicius Costa • 09h24
Comunidade Guarani Kaiowá

Pelo menos dois policiais federais à paisana foram detidos no final desta quinta-feira (29) por indígenas Guarani Kaiowá do tekoha Jopara, retomada localizada em Coronel Sapucaia, distante a 395 quilômetros de Campo Grande. Os agentes estavam armados e conduziam uma Toyota Hilux, quando foram abordados pela comunidade, que alertaram as autoridades.

No entendimento dos indígenas, eles acreditaram que os policiais fossem pistoleiros contratados por fazendeiros da região e temeram ser atacados, conforme o CIMI (Conselho Indigenista Missionário).

Sem a identificação necessário, os indígenas não acreditaram que os dois homens seriam agentes da Polícia Federal. Por isso, avisaram imediatamente as DPU (Defensorias Públicas da União) e do Estado (DPE), a Funai (Fundação Nacional do Índio), o MPF-MS (Ministério Público Federal) e a própria PF.

Ainda de acordo com o CIMI, os indígenas relataram que um drone sobrevoava a comunidade, enquanto a caminhonete passava na região da retomada. Após a confusão, os agentes foram liberados pela comunidade Guarani Kaiowá, que agora teme por represálias e criminalização.

"Tínhamos certeza de que eram pistoleiros ou fazendeiros. Chegando assim armados, invadindo o território sem diálogo, sem nada, só podia ser um ataque. Foi por isso que prendemos e logo após prender chamamos as autoridades para pegá-los. Na nossa mente, um policial jamais agiria assim, com armas e rondando", explica uma das lideranças do tekoha, não identificada por razões de segurança.

Tensão e violência - A situação desta quinta-feira ocorreu em meio a uma onda de violência e tensão envolvendo os povos Guarani e Kaiowá na região, com ameaças, ataques armados e assassinatos de lideranças em meio ao processo de luta pela terra. A paralisação das demarcações e a situação de vulnerabilidade e pressão nas reservas indígenas tem motivado a realização de novas retomadas pelos indígenas.

O próprio Tekoha Jopara foi retomado em maio, em protesto contra o assassinato do jovem Guarani Kaiowá Alex Lopes, de apenas 18 anos.

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