Ministério da Saúde diz que não reconhece dados de desnutrição infantil no Brasil
Relatório da Fiocruz indica alta no nível de internações e aponta maior nível em 13 anos
28 OUT 2022 • POR Pedro Molina • 16h10
Ministério da Saúde disse, nesta sexta-feira (28) que não reconhece os dados de um relatório divulgado nesta quinta-feira (27) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Observatório de Saúde da Infância, que aponta que a as internações de bebês com menos de 1 ano de idade por desnutrição chegaram ao maior nível em 13 anos.
“É importante esclarecer que as informações utilizadas não contêm qualquer respaldo oficial ou científico e estão em desacordo com as informações enviadas ao Ministério da Saúde pelos entes federativos”, disse a pasta em comunicado.
No entanto, os pesquisadores da Fiocruz disseram que se basearam em dados do Sistema de Informações Hospitalares, que apontam 2.979 hospitalizações em crianças menores de um ano ao longo de 2021, o que equivale a oito hospitalizações por dia.
O coordenador do Observa Infância e pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), Cristiano Boccolini, disse que diversos fatores podem estar relacionados com esse nível de desnutrição.
"Às vezes, a mulher tem que conseguir um bico ou um trabalho, um subemprego, ou um trabalho em condições informais ou mesmo formais, mas que não dispõe mais da licença maternidade de 4 meses, férias etc, ou não dispõe de nenhuma rede de proteção que ampare ela a manter o aleitamento materno, e acaba tendo que comprar leites ou fórmulas", explicou.
O assunto de fome no Brasil já veio à tona, nesta quinta-feira (27), até na Câmara Municipal de Campo Grande, onde o vereador Sandro Benites (Patriota) disse que não existe fome no país e utilizou expressões que foram classificadas como gordofóbicas para se referir a uma cidadã que acompanhava a sessão.