Esportes

Geração perdida deixa Brasil aquém de força sonhada para 2014

6 MAI 2014 • POR Via Uol • 11h36
Kaká, meia da seleção brasileira, é abraçado por Robinho e Ronaldinho Gaúcho durante jogo contra o Equador, no Rio de Janeiro, pelas Eliminatórias para a Copa de 2010. (Foto: AP Photo/Silvia Izquierdo
Quando deixou o comando da seleção, em 2002, Luiz Felipe Scolari aparentemente deixava um legado e tanto. Ronaldinho galgava para virar protagonista, Kaká era uma grande promessa e Adriano e Robinho apareceriam bem nos meses seguintes. Tudo deu errado para a geração que substituiria Ronaldo e Rivaldo. Nesta quarta, na convocação para a Copa do Mundo que disputará em casa, o mesmo técnico pode cravar o fim das esperanças de um grupo de jogadores que nunca conseguiu cumprir o prometido pela seleção brasileira, e que deve deixar Neymar e companhia sozinhos para o desafio de jogar em casa.

De todos, o único que tem chances de ir à Copa do Mundo é Robinho, reserva no Milan que foi lembrado por Felipão no fim do ano passado e decidiu o amistoso disputado contra o Chile, no Canadá. O atacante brigaria por uma vaga na reserva de Fred ou por um espaço já muito disputado no meio-campo, com Willian e Ramires bem cotados.

Ainda assim, Robinho iria à Copa como um coadjuvante de Neymar, Paulinho e Oscar, todos mais jovens que ele. Os novatos, que poderiam ir à Copa dividindo o peso com uma geração mais experiente e vencedora, foram afetados pela década "perdida". O ex-santista é só um dos jogadores que, nos últimos anos, ensaiaram levar a seleção a grandes glórias, embora não tenha sido a maior esperança verde-amarela a falhar.

Esse papel coube a Kaká e Ronaldinho Gaúcho, últimos brasileiros a serem eleitos melhores do mundo pela Fifa, em 2007 e 2005/2006, respectivamente. Ambos estiveram na Copa do Mundo de 2002, quando Ronaldo e Rivaldo brilharam, e àquela altura pareciam fadados ao protagonismo na seleção.

Em 2006, teriam ao seu lado, além do próprio Fenômeno, Robinho e Adriano. O "Imperador" era destaque da Inter de Milão, cobiçado por vários gigantes europeus e credenciado pelo sucesso que foi sua participação na conquista do Brasil na Copa das Confederações de um ano antes.

A experiência do quadrado mágico fracassou, o Brasil caiu nas quartas diante da França e a geração sofreu seu primeiro baque, acusada de descaso com a seleção. Ronaldinho e Adriano entrariam em um espiral de decadência. O primeiro perambulou por Barcelona e Milan durante os quatro anos seguintes, sempre sem brilhar e criticado pelo comportamento longe dos gramados.

Adriano fez pior. Com problemas pessoais, viveu seus melhores momentos no Brasil, por São Paulo e, especialmente, Flamengo. Sua falta de constância e o comportamento errático, porém, o tiraram da lista de Dunga, que foi à África do Sul em 2010 apostando em Kaká e Robinho.

A dupla, por sua vez, fracassou junto com a seleção, iniciando seu drama particular. Kaká sofreu com lesões, ficou três anos com pouco espaço no Real Madrid e nunca voltou a apresentar seu melhor futebol. Robinho, no Milan, foi perdendo espaço aos poucos, e hoje mal é utilizado por Seedorf no Campeonato Italiano.

O fracasso do quarteto que despontava em 2002 explica grande parte da seleção atual, que deposita toda a maior parte da sua confiança em jogadores bem distantes dos 30 anos. Não por acaso, ao longo dos 12 últimos anos, Ronaldinho, Kaká, Robinho e Adriano foram, quase sempre nessa ordem, nomes que voltaram à pauta dos treinadores como um fio de esperança.

Felipão ao que tudo indica, colocará um ponto final nas expectativas. Em 2018, Robinho será o mais novo dos quatro, com 34 anos de idade. As chances de uma ida à Rússia se restringiriam a um papel pequeno diante daquele que deve ter a geração atual. A pitada de experiência que poderia ser útil em Mundial em casa deve ser dispensada pelo treinador, e não por falta de testes.