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Relatos apontam para 30 casos de jovens Yanomami grávidas após abusos de garimpeiros

Ministro Ariel de Castro informou que dados foram apresentados pelo CIR durante reunião com comitiva do governo

2 FEV 2023 • POR Pedro Molina • 19h31
Foto: Paulo Zero

O secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Ariel de Castro, informou que denúncias apontam que pelo menos 30 meninas e adolescentes Yanomamis estariam grávidas, vítimas de abuso sexual cometido por garimpeiros ilegais que invadiram a reserva indígena.

Segundo o ministro, os relatos foram apresentados pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR) durante reunião com comitiva do governo federal, na última segunda-feira (30/1), na sede do Distrito Especial Yanomami de Roraima.

Além do ministro e representantes do CIR, a reunião teve a presença de representantes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e da Coordenação de Operações Emergenciais do Ministério da Saúde, que acompanham o caso.

“Pedimos mais informações ao CIR para termos os nomes das jovens e solicitarmos apurações dos possíveis estupros de vulneráveis para a Polícia Civil de Roraima, Polícia Federal e para o Ministério Público Federal”, informou o ministro.

Castro ainda informou que há relato de seis casos de acolhimento irregular de crianças yanomami, sendo que, em dois casos, os processos de adoção estariam ocorrendo por famílias não yanomami.

“As entidades CIR e Hutukara informaram que estariam ocorrendo arbitrariedades e irregularidades. Estamos aguardando os advogados das entidades nos encaminharem um maior detalhamento dos casos”, comentou.

Segundo Castro, os relatos escancaram falhas graves por parte do governo estadual, municipal e federal nos últimos anos.

“Nossa missão é apurar falhas nas políticas públicas de proteção aos indígenas. Estamos verificando, além das causas da mortalidade infantil, 570 mortes de crianças por causas evitáveis nos últimos quatro anos, mas também possíveis adoções ilegais de crianças indígenas, acolhimentos irregulares de crianças em abrigos, abusos sexuais, exploração sexual infantil, falhas no atendimento à saúde de gestantes, crianças e enfrentamento da desnutrição das crianças indígenas na primeira infância”, afirmou.