Onça se protege em cima de árvore carbonizada no Pantanal e encanta pesquisadores
A árvore foi morta pelo fogo, na Serra do Amolar; Para especialistas, o flagrante é raro: 'cicatriz do passado como refúgio'
29 JUL 2023 • POR Brenda Leitte • 14h42Após horas de viagem a trabalho no rio Paraguai, em Corumbá (MS), o médico veterinário do IHP (Instituto Homem Pantaneiro) Diego Viana, ficou frente a frente com uma situação rara. Isso porque ele flagrou uma onça-pintada se protegendo em cima de uma árvore carbonizada no Pantanal.
“A árvore onde a onça-pintada foi encontrada é emblemática para gente, como pantaneiro, pesquisador. Ela foi queimada anteriormente, mostra essa cicatriz do passado. E agora pode estar servindo de refúgio”, comentou Diego.
O grupo de Diego estava em busca de "paliteiros", que são árvores queimadas, espécies de cicatrizes do fogo no Pantanal. No meio do rio Paraguai, distante da vegetação, um outro integrante da expedição disse que via um borrão em uma área superior, mas não soube distinguir.
“Vi contraluz o que parecia ser um acúmulo de vegetação que se assemelhava ao formato de uma onça. O que me chamou a atenção! Não falei para ninguém. Fui chegando perto e enxerguei o formato das patas e as rosetas. Eu não estava acreditando. Era um sol muito forte, uma madeira carbonizada. Comentei que poderia ser uma onça", contou o biólogo no IHP Sérgio Barreto, que foi o primeiro a fazer o avistamento.
Sérgio contou aos parceiros do animal só quando teve a certeza. Como o especialista relata, a emoção foi generalizada quando todos viram a onça-pintada em toda imponência em cima da árvore queimada.
"Para mim, foi como um sinal. Porque foi um dia complicado e aquilo corou toda uma expedição. Nem sei como explicar como essa onça-pintada estava ali, daquele jeito, naquele lugar. É uma força da natureza”, relatou Sérgio.
Segundo especialistas do Onçafari, Panthera, SOS Pantanal, Instituto Pró-carnívoros, USP (Universidade de São Paulo) e UFRS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), onças-pintadas fêmeas sobem em árvores como comportamento defensivo. O estudo foi focado na área do Pantanal de Miranda, o flagrante na Serra do Amolar mostra indício de repetição do comportamento em uma outra sub-região do bioma.
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