Polícia

'Aluguel de contas' para motoristas de app continua livre em Campo Grande

A prática denunciada há 10 dias pelo JD1 Notícias, usa as redes sociais para angariar 'interessados' no esquema

18 DEZ 2023 • POR Vinícius Santos • 12h11
Anúncios ocorre nas redes sociais - Foto: Reprodução - Anúncios ocorre nas redes sociais - Foto: Reprodução

Há exatamente 10 dias, o JD1 Notícias publicou uma reportagem que denunciava um possível esquema de 'aluguel de contas' para motoristas de aplicativos em Campo Grande, alertando para os riscos que essa prática poderia representar para os passageiros e clientes. Passado esse período, nossa equipe de reportagem retomou a investigação e constatou que a prática continua ativa, especialmente nas redes sociais, com destaque para o Facebook, plataforma gerida pela empresa Meta.

Durante a apuração, identificamos que a prática persiste de forma aparentemente desimpedida, com 'clientes' em busca ativa pelo 'serviço' de aluguel de contas. Os valores envolvidos variam de R$ 50 a R$ 200 por semana, gerando preocupações em relação à segurança.

Conforme a apuração do JD1, os motociclistas também podem alugar essas supostas contas de forma clandestina para atuarem em serviços de entrega ou transporte de passageiros. 

Um motorista de aplicativo, que optou por não se identificar, relatou à reportagem: "O passageiro é ligeiro, muitas vezes sequer olha a placa do carro, confere o nome do motorista, simplesmente entra no carro ou sobe na moto, sem prestar muita atenção". Ele destacou que essa situação prejudica os motoristas que trabalham honestamente, afetando a confiança dos passageiros nos serviços por aplicativo.

Na primeira reportagem, o JD1 Notícias buscou informações junto à Polícia Civil para compreender as implicações legais dessa prática. O Delegado Regis Almeida, da 3ª Delegacia em Campo Grande, comentou que essa situação pode caracterizar crimes como falsidade ideológica, falsidade de documento público e associação criminosa. Além disso, ele alertou para crimes de trânsito, como pessoas não habilitadas dirigindo veículos sem autorização legal (CNH), e destacou a necessidade de cuidado, pois os verdadeiros donos das contas podem enfrentar problemas graves em casos de crimes, como estupro.

"Supostamente um elemento usando essa conta alugada comete um crime dessa natureza, e a Polícia, através dos dados contidos no aplicativo, chega à pessoa que locou a conta; ele pode se complicar,"* ressaltou o delegado. Regis também alertou sobre os riscos de inserir dados pessoais em plataformas de emprego, indicando que, às vezes, criminosos usam dados de terceiros para criar essas contas, e os verdadeiros anunciantes sequer têm seus dados nas plataformas.

Possível Golpe - Durante os levantamentos, a equipe do JD1 apurou que essa situação pode, na verdade, ser um golpe. Pessoas anunciam essas supostas contas, negociam e recebem o pagamento, mas essas contas podem não existir.

Passageiros relatam encontros com veículos ou motoristas diferentes dos indicados na plataforma. Ao perceberem a irregularidade, alguns tentam argumentar, sendo confrontados com justificativas e ‘desculpas’ dos motoristas, que minimizam a situação alegando problemas como o carro estar quebrado ou em manutenção.

O que dizem as plataformas:

Quanto à situação, o JD1 Notícias entrou em contato com as principais plataformas de aplicativos, incluindo Uber, 99 Pop e Indrive, em busca de posicionamento sobre a segurança dos passageiros e se medidas estão sendo tomadas contra essa prática. 

A Uber, em nota, destacou seu compromisso em atualizar e fortalecer continuamente seus processos internos para proteger a plataforma e os usuários. Nota na íntegra: 

“Sabemos que os esquemas de fraude estão em constante evolução e é por isso que a Uber está comprometida em atualizar e fortalecer os seus processos internos para proteger a plataforma e os seus usuários. Nossas equipes de detecção de fraudes usam análises manuais e sistemas automatizados de aprendizado que analisam mais de 600 tipos de sinais diferentes à procura de comportamentos fraudulentos. Estamos permanentemente implementando novos processos e tecnologias para evitar fraudes e aprimoramos o treinamento dos nossos agentes, enquanto seguimos trabalhando para ficar à frente dos golpes mais recentes. 

Segurança é prioridade para a Uber, que está sempre buscando, por meio da tecnologia, fazer da sua plataforma a mais segura possível, de uma forma escalável. Através da ferramenta U-check, a Uber possui um contrato com o Serpro, empresa de TI do Governo Federal, para confirmar as informações cadastrais dos motoristas parceiros e candidatos a motoristas e de seus veículos, em tempo real, a partir das informações da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e do Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV), com a autorização do Senatran - Secretaria Nacional de Trânsito. As fotos dos motoristas também são verificadas digitalmente, com um software especialmente desenvolvido pelo SERPRO para isso, denominado Datavalid, que compara as imagens fornecidas pelo condutor com as arquivadas pela autoridade de trânsito, a fim de prevenir fraudes. 

Vale destacar ainda que no processo de cadastramento para utilizar o aplicativo da Uber, todos os motoristas parceiros passam por uma checagem de apontamentos criminais realizada por uma empresa especializada que, a partir dos documentos fornecidos pelo próprio motorista e com consentimento deste, consulta informações de diversos bancos de dados oficiais e públicos de todo o País em busca de apontamentos criminais, na forma da lei. A Uber também realiza rechecagens periódicas dos motoristas a cada 12 meses.

Além disso, a Uber utiliza uma ferramenta de "verificação de identidade em tempo real", chamada U-Selfie. De tempos em tempos, o aplicativo pede, aleatoriamente, para que os motoristas parceiros tirem uma selfie antes de aceitar uma viagem ou de ficar on-line, para ajudar a verificar se a pessoa que está usando o aplicativo corresponde àquela da conta que temos no arquivo. Isso ajuda a prevenir fraudes e proteger as contas dos condutores de serem comprometidas.”

O JD1 Notícias contactou e aguarda a manifestação das demais plataformas, assim como da Meta, responsável pela gestão do Facebook, onde as publicações sobre o "aluguel de contas" têm sido realizadas. O espaço permanece aberto para os esclarecimentos.

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