Advogada critica polícia por não 'ver' racismo em agressão de menina em escola
Por meio de nota, ela usou as declarações dadas pelo filho do autor para justificar seu ponto de vista. Na oitiva, o menor afirmou que seu pai 'não gosta de quem tem olho castanho'
15 MAR 2024 • POR Brenda Assis • 15h53“O meu pai não gosta que me pega, é porque meu pai só gosta de quem tem olho azul. Ele odeia quem é de olho castanho”, essas foram as palavras ditas por um menino de apenas 4 anos, filho do pedreiro, de 32 anos, que foi flagrado por uma câmera de segurança agredindo uma menina negra, de 4 anos, na Escola Municipal Professora Iracema de Souza Mendonça, região do grande Universitário, em Campo Grande. A advogada da família da vítima, declarou ainda que a polícia se nega a ver o racismo no caso, mesmo que para ela o preconceito esteja claro.
Em nota, as advogadas Lione Balta Martins Cardozo e Flávia Heloisa Anselmo, disseram ter aguardado o fim da fase investigativa da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), para ‘se manifestar assertivamente e de maneira justa’.
Ao dar continuidade elas explicaram que ainda antes dessa fase acabar, já haviam sido comunicadas que a investigação ‘não havia localizado nenhum indício do crime de racismo’. Por conta disso, o caso seria tipificado apenas como ‘vias de fato’.
No entanto, a declaração dada pelo filho do autor durante depoimento especial, chamou a atenção das advogadas. É então explicado que o pequeno contou que foi abraçado apenas aquela vez pela colega de escola. Ele falou ainda que sempre apanha de chinelo e cinto do pai, principalmente quando ‘faz arte’.
“A declaração do infante deixa claro o preconceito existente e enraizado, cujo qual, a criança tem plena consciência apesar de sua pouca idade, mas que a polícia não”, diz parte da nota.
Agora citando o depoimento do autor, as advogadas apontam a tentativa dele de culpar a vítima. Uma vez que, para elas, o homem estaria ‘faltando com a verdade’.
A nota segue apontando que apesar de toda a investigação, dos depoimentos colhidos: “É estarrecedor que a polícia não veja o cristalino preconceito no caso”, já que caso não fosse o clamor social, seria “apenas mais um dia comum em um país já tão desigual”.
Para finalizar, as advogadas dizem lamentar a forma como o caso foi abordado pela Delegacia Especializada. Por tanto, tomará as medidas judiciais necessárias a respeito dos fatos. Elas ainda agradeceram as mensagens de carinho e apoio direcionados a criança.
“Seremos voz por você e por tantos outros, para que vocês cresçam sabendo o quanto são amados, e o quanto estamos dispostos a lutar por todos os seus direitos!”, finaliza.
Leia na íntegra: