Polícia

Last Chat: Gaeco mira facção 'estruturada' que traficava e vendia armas em MS, SP e CE

Entre possíveis investigados estão um policial militar, servidor público e pelo menos 3 advogados

24 ABR 2024 • POR Luiz Vinicius • 11h43
Gaeco deflagra mais uma operação em Campo Grande - Divulgação/MPMS

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) deflagrou na manhã desta quarta-feira (24) a Operação Last Chat, com intuito de desmantelar uma organização criminosa altamente estruturada atuante em vários estados, operando no tráfico de drogas e no comércio ilegal de arma de fogo de grosso calibre. A ofensiva acontece em Mato Grosso do Sul, São Paulo e Ceará.

A operação é desmembramento da Operação Courrier, onde estão sendo cumpridos 55 mandados judiciais, entre busca e apreensão e prisão preventiva, nas cidades de Campo Grande e Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul; São Paulo e Fortaleza, no Ceará.

Segundo divulgado em nota pelo Ministério Público, a organização criminosa conta com uma rede altamente estruturada, onde vários integrantes e apoiadores já foram identificados, cerca de 40 pessoas, nos quais estão um policial militar, servidor público municipal e pelo menos 3 advogados.

Além do tráfico de drogas, o comércio ilegal de arma de fogo de grosso calibre é uma das atividades exercidas pela facção, que culmina também na lavagem de dinheiro relacionado aos crimes, para a qual se utiliza de diferentes métodos, como a constituição de empresa fictícia, uso de contas bancárias de terceiros, aquisição de veículos de alto valor econômico em nome de terceiros - Porsche e caminhões.

As atividades do grupo criminoso são coordenadas por Rafael da Silva Lemos, atualmente foragido do sistema prisional desde dezembro do ano passado, quando aproveitou que a ida em uma consulta médica. Ele estava preso no Estabelecimento Penal Masculino de Regime Semiaberto e Aberto de Dourados.

"As investigações tiveram início a partir da análise de aparelho celular apreendido em posse de uma advogada presa durante a Operação Courrier, mas beneficiada com prisão domiciliar dias depois, a quem o líder contatava por mensagens para a prática de obstrução de investigações, lavagem de dinheiro, corrupções, entre outros crimes", diz trecho da nota.

No transcorrer dos trabalhos, foi possível identificar mais de 4 toneladas de maconha, mais de 3 mil comprimidos de ecstasy, centenas de munições e carregadores de fuzil de calibre 762 e pistolas cal. 9mm, pertencentes à organização criminosa, apreendidos em ações policiais. De acordo com levantamento realizado pelo GAECO, as apreensões geraram um prejuízo ao crime organizado superior a R$ 9 milhões.

Last Chat, na tradução livre: último bate-papo, alude ao esperado encerramento do contato até então mantido entre os integrantes presos e o mundo externo, por efeito da Operação.