Justiça

Juiz coloca comandante do 10º RC MEC na 'mira' após morte de soldado em Bela Vista

Ao incluir o Coronel Kenji Nakamura no processo, o juiz Jorge Luiz de Oliveira da Silva aponta que a ausência de supervisão e falhas na identificação de problemas podem ter contribuído para a morte do soldado; entenda

24 AGO 2024 • POR Vinícius Santos • 12h50
Soldado Vinicius Ibanez Riquelme - (Foto: Reprodução) / Tenente Coronel Kenji Alexandre Makamura - Foto: Ademir Mendonça

O Coronel de Cavalaria Kenji Alexandre Nakamura, comandante do 10º Regimento de Cavalaria Mecanizado (RC MEC) do Exército Brasileiro, localizado em Bela Vista, a 324 quilômetros de Campo Grande, está sendo investigado pela Justiça Militar devido à morte do Soldado Vinicius Ibanez Riquelme, de 19 anos. O soldado faleceu em abril deste ano na Santa Casa de Campo Grande, após complicações de saúde relacionadas a atividades físicas realizadas durante o treinamento.

O processo é conduzido pelo Juiz Federal Jorge Luiz de Oliveira da Silva. Em sua decisão, o juiz destacou que o Coronel Nakamura tinha a responsabilidade final pela execução das ordens de instrução e pela segurança dos recrutas. A falta de supervisão e a falha em identificar e corrigir abusos são vistas como falhas significativas na liderança, que podem ter contribuído para o ocorrido. O juiz afirmou: “Embora não diretamente envolvido nas operações diárias do campo de treinamento, os autos indicam que faltou diligência do Coronel Nakamura que deveria ter identificado possíveis problemas durante o evento antes que viessem a tomar a proporção que tomaram.”

O juiz também ressaltou: “Evidente que o Comandante da OM não é onipresente e tampouco onisciente. Porém, como já mencionado, não se trata de um ou dois eventos isolados, mas sim de ocorrências difusas que transformaram o treinamento dos recrutas em um centro de arbitrariedades.” Ele acrescentou que o Coronel Nakamura deveria ter comparecido ao local de treinamentos de forma constante para inibir comportamentos impróprios: “Não há notícias dessa presença do Cel Nakamura no treinamento. Os pretensos abusadores, em tese, sentiam-se à vontade para perpetrar suas práticas indevidas.”

A decisão também menciona que a cultura organizacional sob o comando do Coronel Nakamura pode ter contribuído para um ambiente onde a negligência e o desrespeito eram permitidos, potencialmente resultando em condições perigosas para os recrutas. O juiz concluiu: “Portanto, entendo que há indícios suficientes para submeter o Cel Kenji Alexandre Nakamura ao devido processo penal.”

Além do Coronel Nakamura, estão sendo acusados o Capitão Antônio Stecca Rennó, o 1º Tenente Artur Figueira Souto, e a 3º Sargento Jennifer Oliveira de Arruda (enfermeira). Estes são considerados acusados, e a presunção de inocência é mantida até prova em contrário.

Outros militares citados para apresentar suas defesas são: 2º Tenente Thiago Mauri Marçal, 3º Sargento Victor Augusto Albuquerque Barros, 3º Sargento Gustavo Doré Gonçalves, 3º Sargento Arthur Castellani Lopes, Sargento Breno Gonçalves Salles, Cabo Lucas Romero Silvestre, Cabo Everton Marim Figueiredo, Soldado Luiz Eduardo Coronel Siqueira, Soldado Weverton da Silva Dias, Soldado Cleison Rodrigues Marinho, e Soldado Marcos Vinicius Irala dos Santos. 

O processo está tramitando em sigilo. Apesar das acusações, o Coronel Kenji Alexandre Nakamura continua como comandante do 10º RC MEC, sem qualquer alteração em sua posição.

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