Saúde

Clínicas oferecem Mounjaro ilegal em dose fracionada no Brasil

A fabricante alerta para versões falsificadas que oferecem "riscos de segurança potencialmente fatais aos pacientes"

2 MAI 2025 • POR Sarah Chaves • 13h32
Divulgação

A partir da segunda quinzena de maio é previsto que a caneta emagrecedora Mounjaro deva começar a ser disponibilizada nas farmácias do Brasil, mas algumas clínicas já estão comercializando o produto fracionado em doses.

Legalmente, apenas pessoas físicas podem adquirir o Mounjaro por meio de importação ou comprando diretamente nos países onde o produto já é vendido, apresentando uma receita médica.

No entanto, as clínicas anunciam o produto nas redes sociais ou pelo WhatsApp, conforme apurou o G1 em Teresina (PI), e em São Luís (MA). Na primeira clínica, o g1 viu a caneta de Mounjaro. Na outra, recebeu uma foto por WhatsApp. Os números de lote foram enviados à fabricante, que não confirmou se o medicamento é original.

Procurada por uma repórter disfarçada, a clínica disse que "desenvolveu um método próprio de emagrecimento patenteado denominado Peso Certo" e que o método é feito por uma equipe multidisciplinar "com acompanhamento médico, nutricional, fisioterapeuta, psicólogo e nutricionista".

Na clínica de São Luís, a entrega do Mounjaro é delivery. Por WhatsApp, sem saber que falava com uma jornalista, a atendente explicou que o medicamento é extraído da embalagem original com uma seringa, e entregue em um isopor com gelo.

Procurada, a dona da clínica de Teresina alegou que tem equipe multidisciplinar. A clínica de São Luís não respondeu.

De acordo as regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), apenas farmácias e drogarias podem vender o medicamento; o Mounjaro não pode ser vendido por dose, porque a embalagem registrada na Anvisa não é fracionável e só pode ser vendido com receita e apenas médicos podem prescrever.

Segundo uma carta aberta divulgada pela farmacêutica norte-americana Eli Lilly, fabricante do Mounjaro, nenhum estabelecimento está vendendo o remédio legalmente no Brasil, porque ele ainda não foi disponibilizado para o mercado brasileiro. As versões falsificadas ou manipuladas representam “riscos de segurança potencialmente fatais aos pacientes”, informou a empresa.

“Esses produtos podem ser falsos ou estão sendo ‘revendidos’ por indivíduos que os obtiveram por outros meios”, diz o comunicado.