Esportes

Justiça afasta Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF

Fernando Sarney assume como interventor com a missão de convocar novas eleições

15 MAI 2025 • POR Carla Andréa, com UOL • 17h09
Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues - Reprodução

O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, foi afastado do cargo pela segunda vez, após decisão da Justiça do Rio de Janeiro.

O motivo: suspeitas de falsificação da assinatura do vice-presidente Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, em um acordo firmado em janeiro de 2025 que consolidava Ednaldo no poder.

A decisão foi proferida pelo desembargador Gabriel Zefiro, que determinou também o afastamento de toda a diretoria da CBF. Em seu lugar, assume interinamente o vice-presidente Fernando Sarney, designado como interventor, com a responsabilidade de convocar novas eleições dentro do prazo previsto no estatuto da entidade.

"A robustez dos indícios trazidos aos autos leva à inarredável conclusão acerca de um fato, até mesmo óbvio: há muito o Coronel Nunes não tem condições de expressar de forma consciente sua vontade. Seus atos são guiados. Não emanam da sua vontade livre e consciente", escreveu Zefiro na decisão.

O documento em questão

A polêmica gira em torno de um documento datado de 24 de janeiro de 2025, no qual os vice-presidentes da CBF e dirigentes estaduais reconheciam a legitimidade da eleição de Ednaldo Rodrigues, realizada em 2022.

Assinaturas de figuras como Castellar Neto, Fernando Sarney, Gustavo Feijó, Adriano Aro (presidente da Federação Mineira de Futebol) e o próprio Ednaldo constam no acordo. No entanto, a primeira assinatura — a de Coronel Nunes — levantou suspeitas.

Nunes, octogenário e ex-presidente da CBF, passou por uma cirurgia delicada para tratar um câncer no cérebro em 2023. Um relatório médico do neurologista Jorge Pagura, que também preside a comissão médica da CBF, indicava “déficit cognitivo” do dirigente já em junho daquele ano.

Além disso, uma procuração registrada em cartório mostra que Nunes delegou poderes para a administração de suas finanças, pois estava impossibilitado de comparecer pessoalmente ao cartório.

Perícia contestada

A suspeita de falsificação ganhou força após um laudo elaborado pela perita Jacqueline Tirotti, contratada pelo vereador carioca Marcos Dias (Podemos), concluir que havia “impossibilidade de vinculação do punho” da assinatura ao Coronel Nunes.

O parecer apontou divergências em relação a assinaturas anteriores e destacou a fragilidade do documento — que não estava grampeado nem rubricado nas páginas.

Apesar disso, o histórico da empresa de perícia é controverso, com envolvimento em casos polêmicos e contestados, como acusações infundadas contra o padre Julio Lancellotti e uma disputa contratual envolvendo a apresentadora Ana Hickmann.

A CBF reagiu à divulgação do laudo afirmando que ele estaria sendo usado de forma "midiática e precipitada", com interesses "nada republicanos".

Crise política interna

Mesmo tendo sido reeleito recentemente para um mandato de quatro anos (de 2026 a 2030), Ednaldo já vinha enfrentando forte oposição interna na CBF.

Nas últimas semanas, documentos comprometedores circularam nos bastidores e ações judiciais foram movidas por membros da própria entidade entre eles, Fernando Sarney, agora no comando provisório.

Ednaldo estava no Paraguai, participando do Congresso da Fifa, quando a decisão foi divulgada. Internamente, já se antecipava um possível revés judicial. A nova crise acontece menos de cinco meses após a tentativa de pacificação no cenário político do futebol brasileiro com o acordo que agora foi invalidado.

Fernando Sarney terá agora a missão de conduzir a CBF a uma nova eleição e buscar estabilidade institucional em um cenário cada vez mais fragmentado e judicializado no futebol nacional.

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