Meio Ambiente

Araras-vermelhas e mais de 150 espécies de aves e répteis vivem no 'Buraco das Araras' em MS

Área de proteção ambiental, que começou a se formar há milhões de anos e possui 100 metros de profundidade e cerca de 500 metros de circunferência

31 MAI 2025 • POR Da redação, com g1 • 14h31
Buraco das araras, em Jardim - Foto: Buraco das Araras/ Edson Moroni

O Buraco das Araras atualmente abriga 120 araras-vermelhas e mais de 150 espécies de animais silvestres, localizado em Jardim, ele vem sendo preservado como uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) desde 2007 pelo governo federal.

O local, é uma dolina, uma cavidade formada pela decomposição de rochas ao longo do tempo. Ele tem 100 metros de profundidade e tem um pequeno lago no fundo do buraco, que é alimentado pela água da chuva e nascentes subterrâneas. O local é a casa de um jacaré do papo amarelo, algumas serpentes, em especial uma sucuri, de quase 7 metros.

Conforme o g1, pesquisadores afirmaram que a formação geológica teve início há mais de 10 milhões de anos. Porém, o grande buraco que abriga inúmeras espécies só foi formado há cerca de 300 mil anos.

O "mundo perdido" começou a ser desvendado em 1912, quando trabalhadores rurais se depararam com o imenso buraco, que já abrigava dezenas de araras. Josenildo Vasquez, turismólogo da propriedade, é quem resgata a história do local.

"O buraco das araras foi descoberto por peões que trabalhavam em fazendas da região, eles estavam passando próximo ao local quando ouviram um barulho muito alto, ficaram curiosos, e encontraram esse grande buraco com muitas araras. Essa dolina é um resultado de milhares de anos em sedimentação, é um verdadeiro mundo perdido, casa de muitas espécies".

Segundo a bióloga Salete Cinti, os paredões da cratera são essenciais para a rotina e reprodução das araras-vermelhas, daí vem o nome dado à área de preservação ambiental.

Durante a época de formação de casais, as aves usam as cavidades nas rochas para construir os ninhos como um local mais seguro para o nascimento dos filhotes.

"Além disso, os paredões ajudam no controle do crescimento dos bicos, que se desgastam naturalmente enquanto bicam as pedras e exploram o ambiente", completa a bióloga.

Reconhecimento como área de preservação – Modesto Sampaio é dono do Buraco das Araras desde a década de 1980. A decisão de destinar a terra à conservação ambiental partiu do próprio "Seu Modesto". Antes, as terras eram dedicadas à pecuária.

No ano de 2000, ele iniciou o processo para transformar o local em uma RPPN, e em 2007 a área de 29 hectares foi reconhecida pelo governo federal.

"Eu e minha família decidimos cuidar desse lugar e desses animais, preservar. Ao longo desses anos, reflorestamos a região do buraco, com mais de 100 mil mudas de árvores", disse Modesto.

Assim, o proprietário compartilha com o governo a responsabilidade de conservar a natureza, ajudando a proteger a fauna e a flora do local. Por parte do governo é dado o incentivo que isenta o proprietário da RPPN do Imposto Territorial Rural (ITR) referente à área.

Quanto à fiscalização no local, acontece anualmente através de órgãos competentes a preservação, como Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ou secretaria de meio ambiente.