Economia

Dólar dispara e ultrapassa R$ 5,60 após anúncio de tarifa dos EUA

Medida de Trump surpreende investidores e eleva incertezas fiscais e cambiais

10 JUL 2025 • POR Carla Andréa • 15h11
Dólares e moedas estrangeiras - Leonardo Albertino

O dólar à vista operava em forte alta na manhã desta quinta-feira (10), refletindo o aumento da aversão ao risco por parte dos investidores após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil.

A decisão elevou a tensão nos mercados e pressionou a moeda brasileira, que já vinha fragilizada nos últimos dias.

Às 9h16 (horário de Brasília), o dólar à vista subia 2,10%, cotado a R$ 5,619 na venda. Na B3, o contrato futuro com vencimento mais próximo também avançava, com alta de 0,33%, a R$ 5,630. Na véspera, o dólar já havia fechado em alta de 1,05%, a R$ 5,50359.

O dólar comercial era negociado a R$ 5,618 na compra e R$ 5,619 na venda. Já o dólar turismo registrava valores entre R$ 5,476 (compra) e R$ 5,656 (venda).

A medida adotada por Trump pegou os mercados de surpresa, especialmente porque o Brasil havia sido inicialmente incluído em uma lista de tarifas de apenas 10%, divulgada no Liberation Day.

Segundo análise da Suno, o movimento representa uma retaliação à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e à crescente tensão comercial entre os dois países, apesar de os Estados Unidos ainda manterem superávit na balança comercial com o Brasil.

O impacto imediato da nova tarifa é uma desvalorização do real frente ao dólar, acompanhada de um ambiente de maior pressão inflacionária.

A Hike Capital destacou que setores exportadores como petróleo, aço, carnes, café e papel devem sofrer diretamente os efeitos da medida, o que pode levar ao repasse de parte dos custos ao consumidor brasileiro.

Paralelamente, o Banco Central anunciou a realização de um leilão de até 35 mil contratos de swap cambial tradicional, com objetivo de rolagem dos vencimentos de 1º de agosto de 2025, em tentativa de conter a volatilidade do câmbio.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, segue tentando manter o decreto que eleva o IOF como medida de equilíbrio fiscal, mas enfrenta resistência no Congresso.

Reuniões com senadores terminaram sem consenso e nova rodada de negociações está prevista para o dia 15, no Supremo Tribunal Federal (STF).

No campo dos indicadores econômicos, o IBGE divulgou que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,24% em junho, após alta de 0,26% em maio. No acumulado de 12 meses, a inflação chegou a 5,35%, acima da expectativa de 5,32% prevista por analistas consultados pela Reuters.

Mercado financeiro reage com cautela

O clima de instabilidade global refletiu também no mercado de ações. O Ibovespa operava em queda de 0,46%, aos 136.844 pontos, pressionado pelas incertezas externas e temores fiscais internos.

Papéis como MGLU3 (-2,46%), ITUB4 (-2,50%) e ABEV3 (-0,60%) apresentavam forte recuo. Por outro lado, empresas exportadoras como VALE3 (+3,66%) e GGBR4 (+2,26%) operavam em alta, beneficiadas pela valorização do dólar.

O Bitcoin também registrava alta de 0,51%, cotado a R$ 621.059, enquanto o IFIX, índice dos fundos imobiliários, recuava 0,34%, aos 3.471 pontos.

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