'É sobre não ficar de fora', diz psicólogo pelas buscas ao morango do amor
Profissional ressalta que movimento, criado nas redes sociais, é uma mistura de curiosidade com medo de ficar por fora da conversa
25 JUL 2025 • POR Luiz Vinicius • 08h36A febre do 'morango do amor' tem feito muitas pessoas correrem atrás das lojas de doces e até apelar para confeiteiras caseiras com o objetivo de experimentar o doce. Mas na contramão disso, a situação pode não estar vinculada apenas a sensação de comer o produto.
Para o psicólogo Thiago Ayala, do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, caso a pessoa não surfe a onda do momento, ela pode estar se sentindo até fora da conversa.
"Isso ativa um desejo imediato de estar junto, de fazer parte. Não é só sobre o doce, é sobre não ficar de fora", destaca o profissional, que até cita que como as pessoas estão indo em massa buscar o doce, cria-se uma situação de "pressão invisível" na pessoa.
Ele pontua dizendo que isso está ligado diretamente a rede social. "É uma mistura de curiosidade com medo de ficar por fora da conversa. E nem sempre a gente percebe o quanto isso está nos guiando".
O ponto principal tratado por Thiago é que o comportamento usado nessa busca incessante ou até mesmo ir atrás de uma novidade, de cada "febre da internet", pode desencadear frustrações e ganhar um peso emocional.
"A questão não é o produto, mas a velocidade com que desejos são fabricados e descartados, como se fossem atualizações de aplicativo. E isso tudo tem impacto na nossa vida. Faz a gente gastar energia com o que é passageiro, deixa um gosto amargo de insatisfação quando aquilo não é tão incrível quanto parecia, e às vezes até atrapalha a saúde, o bolso, ou as relações. Controlar esse impulso não é sobre se proibir de curtir as coisas, mas sobre pensar: eu quero isso mesmo, ou só quero sentir que estou por dentro?", afirma.