Internacional

Reino Unido traça plano para enviar suprimentos a Gaza e retirar crianças do local

A iniciativa acontece após o secretário-geral da ONU, António Guterres, criticar a comunidade internacional por ignorar a crise humanitária na região

26 JUL 2025 • POR Sarah Chaves, com G1 • 14h31
O bebê Muhammad e sua mãe foram deslocados de sua casa no norte de Gaza - Ahmed Jihad Ibrahim Al-arini/Anadolu via Getty Images

Diante da escalada da fome, que vem sendo amplamente anunciada na faixa de Gaza, devido ao conflito com Israel e a restrição de ajuda humanitária, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer anunciou neste sábado (26),  que o Reino Unido pretende evacuar crianças feridas e doentes da área para atendimento médico e mandar suprimentos por via aérea.

Decisão foi tomada após conversas com os líderes da França e da Alemanha em meio a alertas internacionais sobre o agravamento da fome em Gaza.

O Reino Unido vai fornecer suprimentos por via aérea por meio da Jordânia e dos Emirados Árabes, os únicos autorizados por Israel a oferecer ajuda aérea para Gaza.

Durante a conversa com o presidente francês Emmanuel Macron e o chanceler alemão Friedrich Merz, os três líderes classificaram a situação humanitária na região como "terrível" e defenderam a construção de um plano robusto para transformar um possível cessar-fogo em uma paz duradoura. O plano deve incluir outros países da região, segundo o governo britânico.

A iniciativa acontece após o secretário-geral da ONU, António Guterres, criticar a comunidade internacional por ignorar a crise humanitária em Gaza, chamando a fome generalizada no território de “crise moral que desafia a consciência global”.

Atualmente, a ajuda humanitária distribuída em Gaza é coordenada por uma fundação privada controversa — a Gaza Humanitarian Foundation (GHF), apoiada por Israel e Estados Unidos, mas que reúne polêmicas devido a mortes ocorridas na região de sua instalação — e uma pequena parcela é distribuída pela ONU e outras ONGs apesar de bloqueio israelense.

A restrição foi parcialmente flexibilizada, mas a quantidade de suprimentos distribuídos à população segue limitada e "a conta-gotas", denunciam a ONU e dezenas de países.

Diversos países, incluindo aliados históricos de Israel como Reino Unido, França e Canadá, pressionam por um acesso mais amplo à ajuda humanitária. Para essas nações, medidas como a evacuação de crianças e a retomada da entrega de suprimentos são passos urgentes para conter a crise.

Apesar das acusações frequentes de que o Hamas, grupo terrorista que controla Gaza, se apropriaria de parte da ajuda, altos oficiais militares israelenses disseram ao jornal americano The New York Times que não há evidências de que o grupo tenha roubado sistematicamente suprimentos enviados pelas Nações Unidas.

A ONU e Israel mantêm uma relação conturbada ao longo da guerra. Enquanto o governo israelense acusa a entidade de parcialidade e de ter sido infiltrada pelo Hamas, a ONU aponta dificuldades impostas por Israel para a entrega segura de alimentos e insumos básicos.