Deputados criticam ocupação no Congresso: "Hoje é contra Moraes, amanhã vai ser quem?"
Os parlamentares do PSDB condenaram intervenção de Trump na soberania brasileira e o que foi chamado de 'política de lacração"
7 AGO 2025 • POR Vinicius Santos e Sarah Chaves • 13h51Os deputados federais Geraldo Rezende e Dagoberto Nogueira, ambos do PSDB de Mato Grosso do Sul, comentaram à imprensa, nesta quinta-feira (7), o tumulto ocorrido na Câmara dos Deputados na noite de quarta-feira (6), quando parlamentares da oposição ocuparam o plenário, sob argumentos de que estavam sendo censurados e pedindo anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro e principalmente o impeachment do ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF).
Questionado em Campo Grande sobre a confusão, o deputado Geraldo Rezende afirmou que não estava presente no plenário no momento do episódio e criticou o clima político no Congresso. "Eu não acompanho aquilo. Para mim, hoje, o lugar mais inóspito, mais... Uma toxicidade extraordinariamente grande é ficar dentro do plenário da Câmara dos Deputados", declarou, destacando que já tem mais de 20 anos de mandato.
Rezende criticou ainda o que chamou de "política da lacração". "Hoje, infelizmente, as grandes conquistas da civilização estão sendo hoje colocadas à prova".
Sobre interferências externas e as declarações envolvendo o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Rezende foi enfático: "Não podemos ser mandado de uma potência estrangeira." E completou: "Nós somos soberanos. O poder Judiciário é também um poder que faz parte da tríade de poder Executivo, Legislativo e Judiciário, e nós não podemos ter essa ingerência dentro do encaminhamento. Hoje é contra Moraes, amanhã vai ser contra quem?"
Geraldo também fez um alerta histórico: "É só lembrar as tragédias que aconteceram na humanidade no passado. Você é jovem, vocês são jovens, leia como aconteceu o nazismo na Alemanha e como aconteceu o fascismo na Itália. A história nos ensina. Hoje, o mesmo tipo de mordaça que alguns deputados estão colocando lá, o Hitler colocou em 1928, quando ele disse que estava sendo censurado no livro que ele escreveu para enfrentar o nazismo, Mein Kampf".
Já o deputado Dagoberto Nogueira avaliou negativamente a repercussão do episódio. "Eles parecem que quiseram mostrar para o resto do mundo que nós somos um bando aqui, que nós estamos todo mundo dividido, que nós estamos brigados", disse. Para ele, esse tipo de atitude não reflete a realidade do país. "É uma imagem assim que a gente fica triste porque não é isso que é a realidade do nosso Brasil. Mas enfim, nós temos que respeitar eles também, que eles têm o direito de manifestar e nós não podemos brigar por causa disso."
O episódio gerou repercussão nacional e envolveu acusações entre deputados. O parlamentar Nikolas Ferreira afirmou que foi agredido pela deputada Camila Jara durante o tumulto, o que também repercutiu entre os congressistas.