Teatro leva arte a mulheres privadas de liberdade em Campo Grande
Projeto "A Valsa em Lugares Esquecidos" apresenta espetáculo de Nelson Rodrigues em unidades prisionais femininas
30 OUT 2025 • POR Carla Andréa • 14h51O projeto “A Valsa em Lugares Esquecidos”, idealizado e protagonizado pela atriz Tauanne Gazoso, apresentou o espetáculo “Valsa nº 6”, de Nelson Rodrigues, em duas unidades administradas pela Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) — o Estabelecimento Penal Feminino de Regime Semiaberto, Aberto e Assistência à Albergada e o Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”.
Com o apoio da Agepen, por meio da Diretoria de Assistência Penitenciária, a iniciativa proporcionou um raro encontro com a arte: foram cinco apresentações e duas rodas de conversa, envolvendo cerca de 150 mulheres em situação de prisão.
A peça narra a história de Sônia, uma jovem assassinada que tenta compreender o mistério da própria morte entre memórias e delírios.
Na adaptação criada por Tauanne Gazoso, o texto de Nelson Rodrigues ganha novos significados e se transforma em um convite à reflexão sobre liberdade, identidade e resiliência.
Durante as apresentações, realizadas em pátios e auditórios das unidades, os espaços simples se transformaram em palco.
Para Jaqueline Cunha, diretora em substituição legal do Estabelecimento Penal Feminino de Regime Semiaberto, Aberto e Assistência à Albergada, o impacto é transformador.
“O teatro e a cultura são essenciais para o desenvolvimento humano. Essas mulheres vivem em um universo de restrições, e a arte vem para trazer luz, emoção e sensibilidade”, destacou.
O psicólogo Alex Fabiano Silva de Lima, que atua no Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”, reforça o papel das atividades culturais na ressocialização: “Elas proporcionam reflexão e humanização. A arte ajuda a elaborar emoções e desperta um novo olhar sobre si mesmas, o que reflete positivamente na convivência e na rotina prisional.”
Antes de chegar às penitenciárias, o espetáculo foi apresentado no Sesc Teatro Prosa, mas foi dentro dos muros que a montagem cumpriu seu papel mais simbólico: reconectar mulheres privadas de liberdade com a arte, a emoção e o direito à expressão.