Gestão admite falhas e prevê regularização de estoques de medicamentos até dezembro
Em audiência nesta terça-feira, a Comissão de Saúde da Câmara cobrou transparência do setor
18 NOV 2025 • POR Taynara Menezes e Sarah Chaves • 15h12A gestão municipal admitiu nesta terça-feira (18), durante reunião da Comissão Permanente de Saúde da Câmara Municipal, que falhas administrativas contribuíram diretamente para o desabastecimento de medicamentos e insumos na rede pública. Segundo a coordenadora do Comitê Gestor da Sesau, Dra. Ivone Naban, os estoques devem alcançar 90% até a segunda quinzena de dezembro, com normalização completa prevista apenas para 2026.
Segundo o Comitê Gestor da Sesau, a meta é atingir abastecimento total em 2026, incluindo itens básicos como ibuprofeno e paracetamol.
Dra. Ivone reforçou que o problema não foi falta de recursos, mas falhas de procedimentos administrativos e erros de comunicação com fornecedores, e que as negociações já realizadas já refletem na melhora dos estoques. “Assumimos todas as negociações e alinhamentos, e isso já se reflete na melhora dos estoques", detalhou.
Sesau diz que suplementação de R$ 156 milhões foi ajuste contábil
O secretário especial de contratos, Dr. André de Moura Brandão, esclareceu que a suplementação de R$ 156 milhões corresponde a um ajuste contábil de anos anteriores, já apresentado ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas. "Não foi identificado desvio de recursos", destacou.
A Sesau mantém articulação com hospitais públicos e privados, como Hospital Adventista do Pênfigo, Hospital do Câncer, Hospital Universitário e Hospital El Kadri, para ampliar a oferta de leitos. A pasta ressalta que qualquer expansão depende de recursos federais e estaduais.
Agora tem especialistas
Campo Grande aderiu ao programa federal Agora Tem Especialistas, que pretende reduzir a fila superior a 100 mil pacientes aguardando consultas, exames e cirurgias especializadas.
O Comitê Gestor estima mais de 10 mil atendimentos já na primeira etapa, com prioridade para a oftalmologia, uma das áreas com maior demanda reprimida.
Vereadora Luíza Ribeiro defende abertura de CPI da Saúde
Durante a reunião, a vereadora Luíza Ribeiro (PT) voltou a cobrar a abertura de uma CPI da Saúde para investigar o desabastecimento, os contratos e demais falhas da gestão.
Segundo a parlamentar, a saúde pública precisa ser tratada com mais seriedade, especialmente em relação à transparência das ações da secretaria. A CPI serviria para evidenciar problemas, identificar responsabilidades e permitir que a sociedade cobre mudanças.
“A saúde pública precisa ser tratada com mais seriedade, especialmente no que diz respeito à transparência das ações da secretaria. A CPI serve para evidenciar problemas, identificar responsabilidades e permitir que a sociedade cobre mudanças”.
Ela ainda criticou a falta de informações claras. "É lamentável que um comitê competente não tenha informações concretas para repassar nem aos vereadores, muito menos à sociedade", afirmou.
A CPI pode ser instaurada ainda este ano ou no início de 2026, com notificações e pedidos de documentos já iniciando os trabalhos, enquanto as oitivas estão previstas para fevereiro. Segundo a vereadora, não é aceitável que a sociedade fique sem respostas transparentes, e as informações desencontradas repassadas à imprensa não condizem com a realidade.