Economia

Macron acena para assinatura de acordo UE-Mercosul no dia 20 de dezembro

Para empresários e políticos brasileiros, o presidente da França esclareceu que a posição de seu país está mais flexível

28 NOV 2025 • POR Sarah Chaves, com Folha de São Paulo • 13h25
O presidente da França, Emmanuel Macron, e o ex-governador João Doria - Divulgação

Durante as discussões do Brasil França Fórum, encontro de empresários em Paris organizado nesta quinta-feira (27) pelo grupo Lide, do ex-governador de São Paulo João Doria, foi debatido o  acordo comercial União Europeia-Mercosul  com o presidente francês, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu.


Segundo o ex-presidente Michel Temer, presente ao encontro, Macron disse acreditar que o acordo poderá ser assinado no dia 20 de dezembro, embora tenha reiterado sua oposição ao texto na forma atual.

Para empresários e políticos brasileiros, Macron acenou dizendo que a posição de seu país está mais flexível com relação ao acordo, mas que ainda são necessários ajustes para que o acerto seja finalizado diante das novas circunstâncias da economia global. ele vê o acordo entre os blocos com bons olhos. Embora não tenha mencionado, "deixou implícito que se referia às políticas comerciais protecionistas do presidente americano, Donald Trump".


O empresário Luiz Fernando Furlan relatou que, entre as cláusulas que Macron citou querer ver incluídas no acordo, estão a proteção às chamadas denominações de origem controlada -marcas regionais notórias, como o queijo brie e os espumantes da região da Champagne- e a previsão de limites caso a entrada de produtos do Mercosul cause desequilíbrio em algum setor.

Na semana passada, o presidente Lula anunciou que o acordo será formalmente assinado no próximo dia 20 em Brasília. O anúncio foi feito durante o encontro de líderes do G20, em Joanesburgo, na África do Sul.
Participantes brasileiros saudaram a provável assinatura do acordo, enquanto os franceses trataram do tema com cautela. Alegando prejuízo a seus agricultores, a França ainda tenta barrar o acordo, ou pelo menos incluir "cláusulas de salvaguarda", restrições adicionais e regras de reciprocidade que protejam os produtores locais.

Nesta quinta, o Parlamento francês aprovou, pela segunda vez neste ano, uma resolução contrária ao acordo. A votação, porém, tem força meramente simbólica.

A ministra francesa da Francofonia, Éleonore Caroit, disse que "a França ainda está negociando, porque precisamos ter cláusula de salvaguarda que são importantes para nosso setor agrícola". Caroit, que também é deputada representante dos franceses na América Latina, pertence ao mesmo partido de Macron, o centrista Renascimento.

Questionada pela reportagem, Valérie Pécresse, prefeita (uma espécie de governadora) da região Ile-de-France, que engloba Paris e periferia, propôs a realização de uma conferência em 2026 para discutir o tema. "O que realmente queremos é a reciprocidade. Mas acho que chegaremos lá", disseconcluiu.
Temer declarou seu apoio ao acordo, "não importa qual seja o governo", lembrando que o tratado é negociado há mais de duas décadas. "O que importa é que o que nos interessa é o Brasil e, no particular, o Brasil conectado, acoplado com o Estado francês", afirmou.