Para encarar férias escolares, psiquiatra alerta: "Autocuidado é sobrevivência e não luxo"
O tradicional descanso de dezembro
7 DEZ 2025 • POR Taynara Menezes • 15h44As férias é um período de diversão e pausa da rotina para criançada, já para os pais, adultos em geral, esse momento pode ser desafiador. A trégua escolar, longe de ser apenas descanso, revela vulnerabilidades e sobrecargas emocionais tanto para os pequenos quanto para os responsáveis. A psiquiatra Silmara Medeiros explica que o período de férias desorganiza a rotina e expõe sentimentos muitas vezes reprimidos ao longo do ano.
"Os pais chegam às férias já cansados do ano inteiro, no corpo, na mente e na alma. E nesse cenário, as férias aumentam: ruído, exigência física, falta de tempo a sós, sobrecarga emocional. A mente adulta entra muitas vezes em sobrecarga sensorial. E um adulto em sobrecarga reage por irritação, não por má vontade. Por isso, o autocuidado nas férias é sobre sobrevivência emocional, não luxo", esclareceu.
Para as crianças, a ausência de rotina, horários e atividades previsíveis aumenta birras, carência afetiva, impulsividade e dificuldades de sono. Já os adultos, especialmente mães e pais, enfrentam irritabilidade, sensação de “não dar conta” e cansaço mental. “Isso não é falha, é neurobiologia. O cérebro humano funciona melhor quando sabe o que esperar. Nas férias, ninguém sabe”, explica Silmara.
O peso da culpa também acompanha muitos pais. A médica lembra que a busca pela perfeição consome energia que poderia nutrir o vínculo familiar. Crianças não precisam de pais perfeitos, mas de pais reais e presentes.
Para as crianças, movimento e previsibilidade são fundamentais. Silmara reforça que o corpo ativo regula emoções e ajuda a gastar energia acumulada, reduzindo irritação e conflitos. Por outro lado, o tédio, muitas vezes malvisto pelos adultos, é essencial para o desenvolvimento da criatividade, autonomia e autoconhecimento. “Quando os pais tentam preencher cada minuto do dia, matam a imaginação, aumentam a ansiedade e criam dependência emocional. O tédio é sagrado”, diz a especialista.
A presença afetiva, por mais simples que seja, também faz diferença. Um olhar atento, afeto nomeado, ritual de boas-vindas ou despedida, ou apenas dez minutos de atenção plena fortalecem o vínculo entre pais e filhos. Silmara lembra que o ambiente doméstico também influencia diretamente a regulação emocional: espaços organizados, cantos de leitura, luz suave e música ajudam crianças e adultos a se sentirem mais calmos.
O que fazer nas férias na Capital?
Para aproveitar as férias sem sobrecarregar mães e crianças, Campo Grande oferece diversas opções de programação gratuita.
O Sesc Teatro Prosa realiza de 17 a 27 de dezembro a edição especial do “Férias no Prosa”, com teatro, dança, música e contação de histórias para crianças e famílias. Entre os destaques estão os espetáculos “O lugar mais lindo da minha cidade”, “Kalivôno”, “R.U.I.A – Realidade Ultrassônica de Invasão Aleatória”, “Histórias Mágicas de Natal” e “Grandes Miudezas do Pantanal”. Os ingressos gratuitos podem ser reservados pelo Sympla, sujeitos à lotação.
Além dos espetáculos, parques e praças da cidade oferecem oportunidades de lazer ao ar livre, esportes e atividades físicas. O Parque Ayrton Senna conta com quadras, pistas de atletismo e academia ao ar livre; a Praça Esportiva Belmar Fidalgo possui quadras, campo de futebol, pista de corrida e playground; e o Parque Villaggio Santa Inês oferece aulas gratuitas de yoga, funcional e zumba.
Para Silmara Medeiros, o segredo das férias está no equilíbrio entre pausa, presença e atividades significativas. Momentos simples, risadas compartilhadas e pequenos rituais diários podem transformar o período em um tempo de aprendizado, cuidado e fortalecimento do vínculo familiar.