Polícia

Em situação de trabalho escravo, trabalhadores eram mantidos em curral de fazenda em MS

Eles foram resgatados no mês de agosto, mas a ação do foi divulgada agora

15 DEZ 2025 • POR Brenda Assis • 15h09

Uma operação policial resgatou cinco homens submetidos a condições análogas à escravidão em uma fazenda no interior de Mato Grosso do Sul. A propriedade é vinculada a uma empresa de Carlos Manoel da Silva Antunes, um dos sócios do grupo Via Veneto, detentor de marcas como a Brooksfield.

A ação ocorreu na Fazenda Beatriz, em Brasilândia, na região Leste de Mato Grosso do Sul, no mês de agosto, e terminou com a prisão de dois funcionários do local. Eles respondem por redução de pessoas à condição análoga à de escravo e por frustração de direitos trabalhistas.

Conforme o inquérito, os trabalhadores eram recrutados em cidades da região para atuar de forma terceirizada. Um dos investigados é dono de uma empresa responsável pela emissão de notas fiscais relativas aos serviços executados na fazenda.

Segundo o Metrópoles, os homens eram acomodados em um curral destinado a cavalos e em um depósito, ambos sem condições adequadas de higiene ou conforto. As jornadas se estendiam das 6 às 16 horas, de segunda a sábado. Além disso, os trabalhadores eram obrigados a comprar alimentos e outros itens comercializados pelos próprios responsáveis pela fazenda.

As atividades incluíam limpeza de pastagens e aplicação de herbicidas. A promessa de pagamento era de R$ 180 por hectare trabalhado, valor que não coincide com informações repassadas por uma denúncia anônima que deu origem à apuração.

A polícia apurou ainda que, antes da chegada da fiscalização, os responsáveis retiraram os animais do curral para tentar melhorar o aspecto do alojamento e esconderam três dos cinco trabalhadores. Eles foram localizados posteriormente. Um sexto homem conseguiu fugir e não foi encontrado.

O nome de Carlos Manoel da Silva Antunes já havia sido relacionado a investigações semelhantes. Em 2016, ele foi chamado a prestar esclarecimentos na Assembleia Legislativa de São Paulo sobre denúncias de trabalho análogo à escravidão envolvendo confecções da marca Brooksfield Donna.