Brasil

PF apura tráfico internacional de brasileiros e exploração em esquema ligado a bets

O grupo criminoso alicia vítimas nas redes sociais com falsas promessas de emprego

16 DEZ 2025 • POR Sarah Chaves, com PF • 12h51
Foto: Divulgação

A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (16), a Operação Dark Bet para desarticular uma organização criminosa envolvida em tráfico internacional de pessoas, exploração laboral e redução de brasileiros à condição análoga à de escravo, além da coação para a prática de crimes cibernéticos no exterior.

O grupo atuava no recrutamento de vítimas no Brasil e no envio delas para outros países, onde eram submetidas a um regime de trabalho ilegal e abusivo.

As investigações tiveram início após a prisão de 109 pessoas na Nigéria, entre elas cinco brasileiros, acusadas de envolvimento em crimes cibernéticos. A partir desse episódio, a PF identificou um esquema estruturado de aliciamento por meio de redes sociais e plataformas digitais, com promessas de altos salários e vagas em empresas ligadas ao setor de jogos on-line. No exterior, no entanto, os trabalhadores tinham documentos retidos, eram submetidos a jornadas exaustivas, restrição de liberdade, vigilância armada e à imposição de dívidas, prática típica de exploração laboral.

A apuração apontou ainda que os brasileiros foram contratados por uma empresa de apostas esportivas (BET) que opera duas plataformas no território nacional, usadas como fachada para o recrutamento das vítimas. Os trabalhadores eram obrigados a atuar em atividades ilícitas, especialmente fraudes e outros crimes cibernéticos, sob ameaça e controle dos integrantes da organização.

A operação cumpre 11 mandados de busca e apreensão nos estados do Ceará, Maranhão, Paraná, Santa Catarina e São Paulo, além de quatro prisões temporárias. Também foram determinadas medidas cautelares patrimoniais, com bloqueio e sequestro de bens e valores que ultrapassam R$ 446 milhões.

Por decisão da Justiça Federal, houve ainda a suspensão das atividades das empresas envolvidas e a retirada do ar de duas plataformas de apostas esportivas. A Polícia Federal destacou que a operação busca interromper as atividades criminosas e responsabilizar os envolvidos por crimes como tráfico internacional de pessoas, organização criminosa, redução à condição análoga à de escravo e outros delitos.