Deputado estadual Neno Razuk é condenado por crimes ligados ao jogo do bicho em MS
A 4ª Vara Criminal da Capital, determinou ainda perda do mandato do parlamentar que é membro da Comissão de Ética
17 DEZ 2025 • POR Vinícius Santos • 11h23A Justiça Criminal de Campo Grande condenou o deputado estadual Roberto Razuk Filho, o Neno Razuk (PL-MS), por envolvimento em crimes relacionados à jogatina ilegal do jogo do bicho. A pena aplicada ao parlamentar é de 15 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão, a ser cumprida em regime fechado, com direito de recorrer em liberdade.
Mesmo condenado, Neno Razuk segue no exercício do mandato parlamentar. Atualmente, ele é membro da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS).
A condenação é resultado de uma ofensiva do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco/MPMS), no âmbito das diversas fases da Operação Successione.
A primeira fase da operação foi deflagrada em outubro de 2023, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa armada que buscava assumir o controle do jogo do bicho em Campo Grande, após a desarticulação de outro grupo criminoso na Operação Omertà — o que explica o nome “Successione”.
Além da condenação do parlamentar, a Justiça determinou a perda do mandato de Neno Razuk. Outros integrantes da organização criminosa apontada pelo Gaeco/MPMS também foram condenados. As penas individuais aplicadas aos demais réus variam de 3 anos e 6 meses a mais de 16 anos de reclusão.
Na decisão, a Justiça descreve a estrutura e a periculosidade do grupo criminoso.
“Trata-se de uma organização formada por diversas pessoas para praticar crimes diversos, muitos deles graves, por período indeterminado, estruturada, complexa e armada. A tomada do território não seria diplomática, mas operacionalizada por intermédio de ações à mão armada”, destaca a sentença.
A decisão judicial também ressaltou a gravidade da infiltração da organização criminosa nas forças de segurança pública. Dois policiais militares da reserva foram condenados por atuarem como braço armado do grupo criminoso, utilizando sua experiência e prerrogativas para garantir a execução das ações ilícitas.
Segundo a sentença, um dos policiais exercia função de gerência operacional, enquanto o outro participava diretamente de abordagens armadas contra rivais. Para o Juízo, essa circunstância evidencia um elevado risco institucional e reforça a necessidade de medidas rigorosas para impedir que agentes públicos ou ex-agentes se associem a organizações criminosas.
Os crimes reconhecidos na condenação envolvem:
- Organização criminosa armada, conforme a Lei nº 12.850/2013;
- Exploração do jogo do bicho, prevista no artigo 58 do Decreto-Lei nº 3.688/41;
- Dois roubos qualificados, praticados com emprego de arma de fogo e concurso de agentes, conforme o artigo 157 do Código Penal.
As investigações revelaram uma estrutura hierarquizada, com divisão clara de tarefas, uso de tecnologia para a realização de apostas ilegais e planejamento de ações violentas contra grupos rivais.
Durante a fase de campo da Operação Successione, foram cumpridos 29 mandados judiciais, sendo 21 de busca e apreensão e 8 de prisão preventiva. Uma segunda fase da operação avançou nas apurações neste mês de novembro, com novas prisões e buscas e apreensões, ampliando os trabalhos para outras regiões do Estado.
Ainda conforme a decisão judicial, além das penas de prisão, foram aplicadas multas que ultrapassam R$ 900 mil (novecentos mil reais).
Cenário político
Sobre a situação política de Neno Razuk e os possíveis reflexos da condenação no âmbito da Assembleia Legislativa, o presidente da ALEMS, Gerson Claro (PP), afirmou que ainda não há definição sobre os próximos passos.
“...juiz decide, tem que ver o que o juiz escreveu, se mandou alguma coisa para a Assembleia, se não mandou, se tem reflexão aqui”, expôs o presidente do Legislativo estadual.
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