No primeiro Natal como papa, Leão XIV apela pela paz entre Rússia e Ucrânia
O líder religioso também alertou para a crise humanitária em Gaza e pediu solidariedade global
25 DEZ 2025 • POR Sarah Chaves, com G1 • 14h14Em sua primeira mensagem de Natal como líder da Igreja Católica, o papa Leão XIV fez um forte apelo pela paz mundial e pediu, nesta quinta-feira (25), que Rússia e Ucrânia tenham “coragem” para retomar o diálogo direto e encerrar a guerra. A manifestação ocorreu durante a tradicional bênção Urbi et Orbi (“à cidade e ao mundo”), no Vaticano, e incluiu também um chamado à comunidade internacional diante das crises humanitárias em Gaza e em outras regiões afetadas por conflitos.
Durante o discurso, o pontífice destacou o sofrimento da população ucraniana, que vive há quase três anos sob os efeitos da invasão russa iniciada em fevereiro de 2022, e reforçou a necessidade de negociações sinceras entre as partes.
“Rezamos especialmente pelo atribulado povo ucraniano, para que cesse o estrondo das armas e para que as partes envolvidas, com o apoio da comunidade internacional, encontrem a coragem para dialogar de maneira sincera, direta e respeitosa”.
O apelo ocorre em meio à expectativa de Kiev por uma resposta de Moscou a um plano atualizado dos Estados Unidos para tentar pôr fim ao conflito. Segundo o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, a proposta prevê o congelamento da linha de frente e a criação de zonas desmilitarizadas. As últimas negociações diretas entre Rússia e Ucrânia aconteceram há cerca de seis meses, sem avanço concreto.
Ainda na celebração do Natal, Leão XIV chamou atenção para a fragilidade das populações civis atingidas por guerras ao redor do mundo. Na homilia da Missa do Galo, celebrada na Basílica de São Pedro, o papa ressaltou que os conflitos deixam marcas profundas, especialmente entre os mais vulneráveis.
O pontífice também dedicou parte significativa de sua mensagem à situação humanitária na Faixa de Gaza, palco de uma guerra prolongada entre o Hamas e Israel, que já provocou dezenas de milhares de mortes e o deslocamento forçado de grande parte da população.
“Como então podemos não pensar nas tendas em Gaza, expostas durante semanas à chuva, ao vento e ao frio; e em tantos outros refugiados e deslocados internos em todos os continentes, ou nos abrigos improvisados de milhares de pessoas sem-teto em nossas próprias cidades? Ao se fazer homem, Jesus assumiu nossa fragilidade, identificando-se com cada um de nós: com aqueles que nada têm e perderam tudo, como os habitantes de Gaza; com aqueles que são vítimas da fome e da pobreza, como o povo iemenita; com aqueles que fogem de sua terra natal em busca de um futuro em outro lugar”.
Ao concluir, Leão XIV comparou a encarnação de Jesus a “uma tenda frágil entre nós” e afirmou que a verdadeira mudança no mundo passa pela solidariedade com os que sofrem. Segundo ele, somente o reconhecimento da dor alheia e o compromisso com os mais fracos podem abrir caminhos reais para a paz.