Dólar cai abaixo de R$ 4 com menor aversão a riscos
1 MAR 2016 • POR • 10h39Via Terra
O dólar opera em queda nesta terça-feira (1) ante o real, seguindo o movimento em relação a outras moedas emergentes diante da menor aversão ao risco no ambiente internacional.
“A procura por ativos de maior risco e rentabilidade está amparado na decisão de Pequim em cortar os compulsórios bancários ontem e fortalecer o yuan hoje por meio da taxa de paridade”, afirma João Paulo de Gracia Corrêa, superintendente da SLW Corretora.
O banco central japonês estabeleceu a taxa de paridade nesta terça-feira em 6,5385 yuans por dólar, ante 6,5452 yuans/dólar na sessão anterior, interrompendo uma sequência de ajustes para baixo na taxa por cinco sessões seguidas. A moeda chinesa pode variar até 2% diariamente, para cima ou para baixo, em relação à taxa de paridade.
Neste contexto, o dólar à vista tinha queda de 0,65%, cotado a R$ 3,9917.
Embora esteja em sintonia com a tendência da moeda norte-americana no cenário internacional, o dólar pode voltar a subir no mercado doméstico pressionado por preocupações políticas.
“Não descartamos um descolamento do real do movimento externo das moedas e reverter sua trajetória durante o pregão”, diz Corrêa.
O clima em Brasília segue pesado com a saída de José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça. O ex-ministro irá para a AGU (Advocacia-Geral da União), cedendo à pressão do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o acusavam de ser fraco e não controlar a Polícia Federal – segundo informações de bastidores divulgadas na imprensa – em meio ao avanço cada vez maior da operação Lava Jato.
Segundo a coluna Painel da Folha de S.Paulo , a saída de Cardozo foi uma condição imposta à presidente Dilma Rousseff para atenuar a crise entre o governo e o partido. Sob pressão, Cardozo vinha pedindo por sua saída há dois anos, mas Dilma dessa vez teria entendido que a permanência dele poderia custar caro, uma vez que o Planalto já não descarta o cenário de ruptura.
Para Hélio Bicudo, um dos juristas responsáveis pela elaboração do pedido de impeachment de Dilma Rousseff que foi aceito pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a saída de Cardozo representa “uma vitória pessoal" do ex-presidente Lula, que vê as investigações cada vez mais próximas de seu nome.
Os procuradores da força tarefa da Lava Jato apuram supostas vantagens indevidas recebidas pelo ex-presidente de construtoras investigadas na operação durante o período que ele ocupou a Presidência, segundo documento encaminhado ao STF (Supremo Tribunal Federal).
O documento ainda aponta que o apartamento do Guarujá, litoral de São Paulo, e o sítio de Atibaia, interior paulista, que estão ligados a Lula, podem ter relação com lavagem de dinheiro.