Delinha lança DVD neste domingo na Expogrande
10 ABR 2016 • POR • 17h25A cantora Delinha realiza neste domingo (10), durante a 78ª Expogrande, o show de lançamento de seu DVD “A vida que eu levo”. Com palco e estrutura semelhante aos oferecidos aos grandes artistas nacionais, como Bruno e Marrone e Chitãozinho e Xororó, Delinha se apresenta a partir de 21 horas, como atração principal da grande festa agropecuária de Campo Grande.
O DVD, aguardado com grande expectativa, é o coroamento de uma carreira profícua, na qual a cantora consolidou-se como uma verdadeira madrinha da música local, com uma obra sólida e elogiada, calcada nas legítimas tradições mato-grossenses. Por isso mesmo, Delinha também é conhecida como a “rainha do rasqueado”. A obra a ser lançada é uma iniciativa e produção da Mart Entretenimentos, com direção musical do maestro arranjador Heverton Gaido, o Amarelo, com direção executiva de Marcos Roker. A Orquestra Sinfônica de Campo Grande é regida pelo maestro Eduardo Martinelli. O material foi gravado em fevereiro de 2015, ao vivo, no Palácio Popular da Cultura para um público estimado em três mil pessoas. Foram gravadas e captadas 12 canções, e contou com as participações especiais de João Bosco & Vinícius na canção “Prazer de Fazendeiro” e de Marcos Roker, em “Entre lágrimas”.
O show também será uma noite de homenagens, com participações especiais de artistas como Paulo Simões, Alex & Yvan, Marcos Roker, Grupo MDO, Marcos Riacho e Cobracarrero e Marcio Santos e Claudiney.
O cantor Jerry Espíndola também confirmou participação no show e pretende levar toda a diversidade da música regional, que tem em Delinha um de seus maiores expoentes. “Tocar com a Delinha é sempre uma experiência incrível, e estou honrado em participar do show de lançamento desse projeto Sinfônico, que considero uma ousadia da parte dela. A Delinha é uma artista completa, e todos nós temos que lhes render homenagens e respeito, e por isso vou subir naquele palco sabendo o tamanho da responsabilidade de cantar com a Delinha,” disse Jerry. Recentemente Jerry Espíndola musicou o blues “Gosto”, cuja letra é de Delinha, sem prazo ainda para lançamento.
O Tradição, um dos grupos mais conhecidos e respeitados fora do Estado, foi mais um a confirmar participação no show. Patrick Reder, vocalista do grupo, diz que “Delinha é nossa referência na música sul-mato-grossense e vai ser um prazer e uma honra tocar com ela. Não poderíamos ficar de fora dessa festa”. Eles se juntam a Paulo Simões, Marcos Roker, Alex & Yvan, Marco Riacho Cobracarrero, Marcio Santos e Claudiney e Rony Moreno.
Delinha, vida e obra
Delanira Pereira Gonçalves nasceu no distrito de Vista Alegre, município de Maracaju. Ainda menina veio com a família viver em Campo Grande, no bairro Amambaí, onde mora até hoje, na conhecida “velha casinha”.
Sua carreira como artista começou em parceria com o primo José Pompeu, o Délio. Iniciaram a carreira artística profissional na década de 1950, na mesma época em que haviam se casado. Cantando, de início, em festas e programas de auditório, conquistaram rápida popularidade, que incentivou o casal a seguir em frente com maiores desafios.
Pouco tempo depois de casados, Délio e Delinha trocaram Mato Grosso pela Capital paulista, onde atuaram nas Rádios Bandeirantes e Nove de Julho. Delinha contava com apenas 19 anos de idade, na época. A mudança para São Paulo-SP foi incentivada pelo compositor sul-mato-grossense Zacarias Mourão e, além de atuarem nas duas emissoras de rádio, a dupla assinou contrato com a gravadora Califórnia, na qual gravaram no dia 26/03/1959 o primeiro Disco 78 RPM, tendo no Lado A o rasqueado "Malvada" e no Lado B o rasqueado "Cidades Irmãs".
No ano seguinte, no dia 29/03/1960, a dupla gravou também na Califórnia o segundo Disco 78 RPM, tendo no Lado A o rasqueado "Prenda Querida" e no Lado B a guarânia "Meu Cigarro".
Assim, Délio e Delinha foram ganhando fama em nível nacional e eram conhecidos carinhosamente pelo grande público como o "Casal de Onças do Mato Grosso" (na época, o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul eram ainda o mesmo Estado). A dupla gravou suas músicas em diversos ritmos de raiz, tais como o Maxixe mato-grossense, a cana verde, o arrasta-pé e, principalmente, o rasqueado. A quase totalidade do repertório de Délio e Delinha é de composições próprias, tendo eventualmente parceria com compositores tais como Constantino Gallardi, Joaquim Marcondes e o Comendador Biguá. Délio e Delinha também participaram da gravação da trilha sonora do primeiro filme estrelado pela inesquecível dupla Tonico e Tinoco, com a canção "Lá No Meu Sertão" de Eduardo Llorente, em 1961. No entanto, a vida em São Paulo, não foi nada fácil. De acordo com Délio, "tínhamos um sofá-cama lá em São Paulo-SP e eu atrasei o pagamento. A dona da casa me tomou o sofá..."
Apesar de a dupla ter se realizado artisticamente na capital Paulista, a saudade foi muito maior e Délio e Delinha decidiram retornar ao querido Estado do Mato Grosso, ainda na década de 1960. Ocorreu também o divórcio após os 25 anos do casamento. A dupla, porém, chegou a se reunir novamente em 1978, ocasião na qual lançou o disco independente "O Sol e a Lua". E, em 1993, influenciados por antigos admiradores, somados a uma numerosa geração jovem, que veio aos poucos descobrindo seu belíssimo repertório, a dupla reapareceu em algumas apresentações públicas.
Sem Délio, Delinha manteve uma sólida carreira solo, além da dupla com Jairo. Mulher forte, determinada, enfrentou as dificuldades e manteve em pé sua arte, se apresentando hoje com o grupo Antigo Aposento, do qual faz parte o filho João Paulo Pompeu. Cantora, compositora e inspiração para as novas gerações, Delinha tem estilo próprio e sua obra é original e verdadeiro patrimônio cultural brasileiro, e assim ela define sua carreira e estilo: “A influência nossa é uma coisa criada... da nossa origem. Ninguém ensinou nóis".