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Alunos de Medicina da UEMS decidem continuar paralisação

Acadêmicos estendem protesto até a próxima terça

9 JUN 2016 • POR Rafael Belo • 12h34
Retirada da arquivo da página do face Medicina UEMS

Cansados de esperar uma solução, cerca de 100 acadêmicos do curso de Medicina da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), decidiram continuar a paralisação até a próxima terça (14). A decisão foi tomada ontem (8) depois de nova reunião com o reitor, Fábio Edir dos Santos Costa. Na segunda (6), eles se uniram no obelisco com o intuito de chamar a atenção para os problemas com o curso e seguiram até a Praça do Rádio. Cartazes exigindo professores efetivos, laboratório, material e toda estrutura necessária foram exibidos com muito barulho e palavras de ordem. Neste momento a comissão de paralisação está reunida para definir os atos a serem feitos até o fim dos protestos.

O presidente do Centro Acadêmico de Medicina, Leonardo Negrão, confirmou que a paralisação segue até terça porque é a data que o Governo do Estado limitou para ver uma maneira de ajudar. “Enquanto isso seguimos com a paralisação. Nós nos sentimos desamparados. Eles sabem do problema e pouco fazem. Eles abriram o curso sem ter o curso para oferecerem. Queremos quem entreguem o que prometeram”, pondera.

Na reunião com o reitor ontem, Leonardo e seus colegas acadêmicos saíram insatisfeitos. “Foram quatro horas de reunião que poderia ser resolvido em meia hora. (Em resumo) ele (o reitor) disse que não poderia fazer muita coisa”, conta. À noite se reuniram e decidiram continuar com os protestos. O curso de Medicina teve o campus inaugurado em agosto de 2015, mas já estava funcionando muito antes disso.

“No primeiro semestre do ano passado, o curso tinha um convênio com a Estácio de Sá e lá usávamos os laboratórios. Porém, são de Enfermagem, então ajudava mas ainda assim faltava muita coisa. Quando a estrutura do prédio ficou pronta não tínhamos material nem qualquer outra estrutura. Os professores tinha que trabalhar com improvisação, correr atrás de material emprestado. Usamos mão para fazer colo de útero, bonecas... Tudo nas coxas. Então, resolvemos na assembleia de sábado (4) exigir nossos direitos. Foi nosso estopim”, explicou Leonardo.

Liviane Michelassi, do primeiro ano do curso de Medicina, é uma das representantes da Comissão de Paralisação e se sente indignada com a situação. “É uma total falta de respeito do reitor. Não nos deu um prazo (para resolver), só possibilidades. Estamos reunidos agora e operacionalizando até terça. Todas nossas decisões precisam de 50 +1 para serem aceitas”.

A acadêmica diz que eles só têm o esqueleto das estruturas, prédio, lousa e professor. “Era para o laboratório ser entregue em Abril de 2015 e até agora nada. Não temos estrutura. Alguns materiais que foram adquiridos nem chegaram até nós e ninguém sabe onde está. Nossas atividades práticas não existem. O segundo ano nem estudou de verdade. Quando temos materiais são emprestados. Nosso sentimento é de total insatisfação. Não aguentamos mais. Assim não temos condições de continuar o curso”, analisa Liviane.

UEMS

Nesta terça (9), a UEMS já havia se manifestado e solicitou que usássemos o mesmo material. O reitor considerou a reunião positiva e elencou as principais demandas apresentadas pelos acadêmicos referem-se à aquisição de materiais laboratoriais, de livros e à contratação de professores. Nada foi dito sobre as aulas práticas e o necessário para as executar.

Sobre a aquisição de livros e materiais laboratoriais, o pró-reitor de Administração Márcio Pereira reforçou que o processo de compra está sendo conduzido pela Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul e explicou que, embora não seja possível indicar uma data precisa, a expectativa de entrega desses itens é durante o segundo semestre de 2016.

Em relação à contratação de professores, o pró-reitor de Ensino, João Mianutti anunciou que nos próximos 30 dias a instituição deverá abrir edital de concurso com 10 vagas para Medicina, quantidade que atende à normatização federal que rege a graduação. O processo de formatação do edital e de análise do perfil dos professores pretendidos também já vinham em execução e constituem necessidade básica para a graduação. “O processo de contratação de professores para Medicina atende exatamente aos mesmos critérios exigidos para todos os demais cursos da UEMS”, diz Mianutti referindo-se aos prazos e exigências legais para a contratação de docentes.

Anteriormente em nota, a UEMS destacou que:  “Com referência às manifestações realizadas por estudantes de Medicina, a instituição afirma que, desde a formulação do projeto pedagógico do curso até a sua estruturação física, tem tomado todas as medidas que lhe cabem para oferecer um curso de qualidade”.

E finalizou afirmando:  “A UEMS tem plena consciência da responsabilidade que é trabalhar com formação de novos médicos, razão pela qual seja nessa ou em outras demandas, em todo momento prezará pelo diálogo e pela máxima transparência de suas ações”.