Paulo Simões afirma que vai demorar décadas para entenderem a profundidade de Geraldo Roca
Festival de Bonito vai homenagear Geraldo Roca
24 JUN 2016 • POR Rafael Belo • 12h45“Enquanto este velho trem atravessa o pantanal, Só meu coração está batendo desigual, Ele agora sabe que o medo viaja também, Sobre todos os trilhos da terra, Rumo a Santa Cruz de La Sierra”. Poucas pessoas não conhecem Trem do Pantanal, de Geraldo Roca e Paulo Simões, uma espécie de hino não-oficial de Mato Grosso do Sul. Mas, esta é apenas uma das músicas símbolos de Roca, por isso, este artista é um dos homenageados do 17º Festival de Inverno de Bonito.
Mesmo carioca, Geraldo Roca, foi um dos compositores e músicos mais sul-mato-grossenses que se tem conhecimento. Seu parceiro, Paulo Simões, visivelmente emocionado, nos contou sobre a importância desta homenagem, mas não sem - entre cada palavra - dar uma pausa e respirar profundamente, evitando o choro. “Sempre que um artista desaparece, deixando tantas mudas e frutas e... Na verdade ele deixou um pomar inteiro para trás. Um pomar de canções inesquecíveis para tanta gente, então é uma emoção enorme, ainda mais para pessoas emotivas como eu”. Paulo considera uma responsabilidade “incrivelmente grande”, homenagear o amigo, mas afirmou que resta o prazer que todos irão sentir dia 28 de julho (estreia do Festival de Bonito).
“Estarmos nos unindo para cantar o que tem que ser cantado. Na hora de escolherem uma música é óbvio que escolhi Uma pra estrada”, revelou. "Uma pra estrada, Dona música, faz essa mágica funcionar. Já que meu bem não se encontra e eu só consigo pensar... No que não me acontece aqui, calor não me acontece...". Mais uma canção clássica de Geraldo.
Paulo não falou a palavra morte em nenhum momento e se referindo a esta passagem da vida disse que o que realmente fica é o trabalho de Roca. Para ele sem dúvida nenhuma vai demorar décadas para o trabalho de Roca ser reconhecido na totalidade que tem e na profundidade que abrange.
Mas ao ouvir a palavra morte Paulo Simões “balançou” quando respondeu se todo o trabalho reverenciado de Geraldo Roca era sinal de que o artista não morre. “Não. O artista não morre. A cada dia que se passa sem ele, é dia que a gente sente como era importante ele estar aqui dizendo o que dizia”, finalizou.
Irmão de Geraldo Roca, Rodolfo Roca, nos disse que a família ficou muita satisfeita e contente com a homenagem. “Ele merece... Merecia. Tudo que está acontecendo e vai acontecer fica como uma última homenagem. Uma homenagem justa, que talvez não tenha tido na vida. Tem reconhecimento de muita gente e desconhecimento de muita gente também. Agora ele fica mais homenageado do que foi em vida”, disse.
Na intimidade, Rodolfo Roca revelou um pouco de Geraldo Roca. “Geraldo era um artista com todos os comportamentos de artista: Fraterno, não-fraterno, presente, não-presente, mas sempre uma figura muito boa para nós”, lembrou.
Festival
Este ano o 17º Festival de Bonito está com nova roupagem. De acordo com o governador do Estado, Reinaldo Azambuja, além das atrações nacionais (Elza Soares, Nação Zumbi, Renato Borghetti e Yamandu Costa) serão mais de 60 atrações locais das diversas regiões do Estado, e de diversos segmentos artísticos e culturais. “Antigamente os festivais tinham patrocínios enormes. Eu dou um exemplo da Petrobras chegou a patrocinar este festival com mais de R$ 500 mil e o Banco do Brasil idem. Hoje nós não temos mais os patrocínios. Hoje são recursos próprios do Governo do Estado e de poucos parceiros, mas mesmo assim no ano passado foi um sucesso, pois juntou mais as pessoas, explorou mais localmente e isso facilitou muito”, afirmou Reinaldo.
Para Reinaldo o Festival vai fazer a diferença. “Se você olhar a nível de Brasil, praticamente todos os festivais existentes foram cancelados por falta de patrocínio e hoje nós estamos mantendo tanto o Festival de Bonito como o da América do Sul, em Corumbá. Com a nova roupagem e principalmente com muito mais atrativos e opções. Mato Grosso do Sul não tem inveja de lugar nenhum do país com a quantidade de bons artistas e atrativos que temos aqui no Estado. O objetivo é difundir para o Brasil e para o mundo o que MS tem que são os talentos e esses talentos são realmente difundidos com este festival”, concluiu.
Titular da pasta da Secretaria de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação (SECTEI), Renato Roscoe, nos falou desta novidade já testada ano passado nos festivais de Bonito e da América Latina, em Corumbá. “Nós trazemos de novidade este grande resgate. Nós estamos fazendo o festival para Bonito, para o sul-mato-grossense e todos os visitantes do país, trazendo todas as artes. Músicas com atrações muito interessantes, mas também resgatamos circo, teatro, a literatura, as oficinas de artes, artes plásticas, indígenas, resgatando todos os componentes artísticos do Estado. Com este grupo de artistas vamos mostrar a arte de Mato Grosso do Sul”, contou.
Este ano todas as atrações são gratuitas e vão do dia 28 ao dia 31 de julho. São quatro dias com 15 horas diárias de atrações. Somente oficinas precisam fazer inscrições previamente. O site do Festival de Bonito foi lançado durante o evento e orienta como fazer as inscrições. A ideia do Festival é mostrar para o Brasil e o Mundo a qualidade artística em Mato Grosso do Sul.