Sob ameaças, terceirizados mantém greve na UFMS
Alguns funcionários alegam pressão para retornar ao trabalho, mesmo sem receber salários atrasados
24 JUN 2016 • POR Natália Moraes • 15h09O cenário que antes era local de trabalho agora é local de garantir direitos. Assim, os funcionários da empresa terceirizada Douraser, responsável pela limpeza da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) seguem em greve, deflagrada desde o dia 22. Eles se reúnem todos os dias em frente à reitoria da universidade, e esperam uma resposta urgente, já que as contas estão atrasadas. Além de toda esta situação caótica, alguns trabalhadores alegam receber ameaças para voltar ao trabalho, mesmo sem o salário.
Segundo a trabalhadora Marilene de Sousa, caso não voltem a trabalhar, “a empresa falou que vai ser tudo mandado embora”. Para ela, a pressão é porque a Douraser está com “medo” de perder o contrato com a universidade. Ainda de acordo com Souza, a empresa foi informada sobre as doações destinadas aos funcionários, e propôs levar mantimentos para as famílias. “Só que queremos nosso pagamento”, reclama.
A decisão de virem todos os dias à UFMS é para que sejam vistos. “Se não depender da gente, a empresa não tá nem aí”, diz Souza. A principal preocupação é que muitos são responsáveis pelo sustento da casa, como é o caso de Mara Fratino, mãe de dois filhos. Se não fosse pelas doações garantidas pelos acadêmicos desde o dia 17, a situação poderia ser pior.
Com as contas atrasadas, os prejuízos são imensuráveis aos trabalhadores: nomes “sujos”, juros decorrentes de contas em atraso, não poder comprar alimentos para os filhos, dentre outros. Na situação de Mara, o serviço de água foi cortado, e a energia é o próximo. Segundo ela, os funcionários tem se organizado para continuarem com as reuniões, mas o dinheiro para o passe começa a faltar.
Um dos casos mais preocupantes é o do casal Reginaldo dos Santos e Miriam dos Santos. Pais de cinco filhos, os dois são funcionários da empresa e o salário era a única fonte de renda da família. “Tá faltando tudo”, lamenta Reginaldo. Segundo Miriam, eles tem se mantido com as doações e ajuda de parentes, “na situação que a gente tá, não tem nem como procurar outro emprego”. Miriam quer que os funcionários sejam vistos e pagos, “porque não vamos desistir, não tem nem como”.
Greve
Desde o dia 22, os trabalhadores da empresa terceirizada Douraser deflagraram greve. Eles estavam paralisados desde o dia 14, devido a salários atrasados desde o mês de maio. Além disto, reclamam por benefícios que também não foram pagos, como o vale-alimentação.