Sesau aponta 235 pediatras na rede de saúde, mas menos de 40 atendem

Bairro mais populoso de Campo Grande não tem pediatras

Campo Grande tem 235 pediatras, mas menos de 40 tiram plantão nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e Centros Regionais de Saúde (CRS). Porém, nenhum atende no bairro mais populoso da Capital. O Aero Racho possui mais de 45 mil habitantes, de acordo com dados do Plano Diretor de Transporte e Mobilidade Urbana (ainda baseados em 2009).

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) aponta a dificuldade de locomoção para ausência de pediatras no local. Diariamente a prefeitura posta a Escala Médica de Urgência e Emergência da Capital e mais da metade só possui pediatras no período noturno. Analisando uma semana de escalas é possível afirmar que no período da manhã e da tarde apenas as UPA’s Almeida, Cel Antonino e Universitária possuem plantonistas na área. Menos às sextas-feiras quando não há atendimento pediátrico à tarde em nenhum local do município.

Pediatra há 20 anos, Luiz Hermovil Corrêa de Lima, disse que de dia a medicina infantil é exercida no consultório de cada médico. “Por isso atendemos mais as crianças à noite. Tem adicional. Durante o dia a remuneração é baixa. Deveria ter adicional em todos os períodos, por isso, os plantões de fins de semanas sempre têm mais pediatras”, analisou. Para ele, o motivo de não haver atendimentos da área no Aero Rancho é gerencial.

 As UPA’s Cel Antonino, Almeida e Universitário têm maior suporte, apoio para os pediatras, estrutura e são bem gerenciadas, de acordo com Luiz. Ele aponta o Universitário como referência e afirma que as Unidades são suporte para o funcionamento do Samu. A vontade dos pediatras de Campo Grande, informa Luiz, é que fosse feito como no Rio de Janeiro e no Paraná: a criação de uma UPA Pediátrica.

“Nós já conversamos e demos esta ideia para o secretário da Sesau, Ivandro Fonseca. Ele viu com bons olhos, mas não fez nada. Então, quando a unidade do Leblon estava sendo construída pedimos que fosse só pediátrica e mais uma vez não fomos atendidos”, revelou.  As unidades de atendimentos deveriam ser 24 horas, mas não funcionam porque faltam profissionais. “Tem concurso, mas mesmo assim não tem colegas para suprir a demanda. Tem colegas que não são pediatras e atendem a área infantil. Se concentrássemos em três locais o atendimento seria bem feito”, analisa.

Para Luiz, a descentralização não é a solução ou não estariam faltando profissionais. “O Centro Municipal Pediátrico (Cempe), era exemplo. A gente atendia 30 crianças com sete profissionais de plantão os três períodos. Tinha tato, diferencial com criança desde o atendimento até a enfermagem. Não desviava o foco. Era só criança. agora vemos tudo superlotado e mal gerenciado”, finaliza. Ao todo são cinco UPA’s (além das citadas, Moreninha e Leblon) e quatro CRS (Tiradentes, Coophavilla II, Aero Rancho e Nova Bahia). Médicos Pediatras nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) são 24. Mas, os atendimentos são voltados para a saúde preventiva e apenas por meio de agendamento.

De acordo com a Sesau, as UPA’s Cel Antonino, Universitário e Vila Almeida foram escolhidas para o atendimento pela facilidade de deslocamento dos pacientes. “Durante a noite, todas as nove unidades têm pediatras - devido à dificuldade de deslocamento. Apenas o Aero Rancho não tem pediatras”, informa. O concurso da Sesau vai admitir 101 profissionais da especialidade. Sobre a quantidade de plantões a secretaria avisa: existem limites de plantões a serem cumpridos e uma determinação do Ministério da Saúde para que o atendimento seja descentralizado.

Ministério da Saúde

De acordo com o Ministério da Saúde (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt2048_05_11_2002.html), o número de médicos por plantão deveria seguir este padrão.

Com população de 30 mil a 75 mil habitantes, é preciso atender 100 pacientes em 24 horas e no local ter 1 pediatra, 1 clínico e 6 leitos. Com 75 mil a 150 mil habitantes são 300  pacientes em 24 horas, 2 pediatras, 2 clínicos e 12 leitos. Com 150 mil a 250 mil são 450 pacientes em 24 horas, 3 pediatras, 3 clínicos e 18 leitos.