“Vamos divulgar MS para o mundo”, afirma Nelson Cintra

O diretor-presidente da Fundação de Turismo do Mato Grosso do Sul, Nelson Cintra, fala sobre a importância de divulgar o turismo do Estado para o mundo e sobre as oportunidades que haverá durante as Olimpíadas, apesar de ainda não ter uma estimativa sobre a quantidade de turistas que devem vir para MS durante os jogos. Ele ainda afirma que Bonito e Pantanal são a porta de entrada do turismo de MS e comenta sobre a necessidade de estruturar isso em outros municípios, como Coxim e Costa Rica, que também são ricos em belezas naturais. Confira:

Jornal de Domingo – MS tem dois modelos de turismo: Bonito e Pantanal, um que é mais estilizado e outros mais populares. Como o Estado deve proceder com isso?

Nelson Cintra – O turismo no Pantanal e em Bonito é profissional, enquanto que em outros municípios ainda se está caminhando para a profissionalização. O turismo em Costa Rica, por exemplo, está ainda na mão do poder público e quando a iniciativa privada assumir também a responsabilidade, cada um vai procurar melhorar seu produto e consequentemente o turismo ali será mais valorizado. Realmente, a porta de entrada para o turismo em MS é Bonito e Pantanal, tanto que a passagem da Tocha Olímpica por Bonito teve repercussão internacional. Quando assumi a Fundação de Turismo, o governador Reinaldo Azambuja me pediu para dar um novo visual ao turismo, destacando a necessidade preservar Bonito e o Pantanal, procurar inovar essas duas regiões, mas buscar fomentar turismo em outros municípios. Temos Três Lagoas, Dourados, Rota Norte, Rio Verde, Coxim, Costa Rica, Alcinópolis, que são destinos que precisam de investimentos. Estou aqui há um ano e meio perseguindo um diagnóstico de MS. Estamos preparando um inventário do Estado, que será um mapeamento de todo o MS. O trabalho está sendo feito em parceria com a UFMS, a Uems e o Sebrae. Vamos mapear hotéis, restaurantes, pousadas e toda a economia dos municípios. Teremos um levantamento da estrutura da cidade e isso não servirá apenas para o turismo, mas para o desenvolvimento econômico do Estado também. Estamos trabalhando para fazer um grande evento em abril do ano que vem, o Festival Internacional da Carne. A carne do MS é conhecida e reconhecida como uma das melhores do país. Mato Grosso do Sul tem dois eventos grandes, o Festival de Inverno de Bonito e Festival América do Sul, em Corumbá. Campo Grande, que é a capital do Estado, não tem nenhum festival. Por isso queremos fazer um festival da carne, estamos conversando com entidades e frigoríficos. Já envolvi a Embratur, o Ministério do Turismo e estamos formando uma grande teia para fazer esse grande evento em MS, a fim de promover a carne e o turismo também. Pretendemos trazer compradores de carne do país todo e também do mundo inteiro. Para isso, trabalhamos na criação de um selo para a nossa carne. Estamos com muitos projetos e trabalhando muito para concretizar todos eles.

Jornal de Domingo – Como funcionam os financiamentos para empresários que desejam construir hotéis ou restaurantes? O Estado oferece algum tipo de incentivo?

Nelson Cintra – Existe o FCO. Para construir um hotel ou pousada, é necessário um projeto. Esse projeto passa pela mão do governo, que avalia o projeto. O incentivo do governo é ajudar a viabilizar os recursos junto ao banco. O governador Reinaldo está estimulando muito a criação de novos negócios no Estado. Os secretários Jaime Verruck e o adjunto Ricardo Senna estão viabilizando ao máximo a vinda de novos investimentos. Antes, a liberação do Imasul demorava muito e agora eles estão empenhados em fazer esse serviço de forma mais rápida. 

Jornal de Domingo – Atualmente, temos poucos voos regionais. Isso prejudica o turismo?

Nelson Cintra – Prejudica não só Mato Grosso do Sul, como o país inteiro. Eu faço parte do grupo de secretários de Turismo do país e todo mês temos uma reunião para tratar de assuntos que envolvem o setor e todos os Estados reclamam da questão dos voos regionais. É bom lembrar que estamos numa fase econômica ruim, então até voos para os grandes centros estão sendo reduzidos. Mas sobre os voos regionais, estamos implementando mais um voo da Azul para Bonito, reduzindo o ICMS do combustível. Esse voo para Bonito está próximo de entrar em operação, mas estamos estimulando para Três Lagoas, Dourados e Corumbá. Vamos ter uma reunião em Brasília sobre o sistema de cabotagem, porque queremos trazer voos internacionais da Bolívia e do Paraguai que vêm para Campo Grande. Entendemos que se um voo de Assunção para Campo Grande fizer uma parada em Ponta Porã, ajuda a viabilizar a cidade e cria mais opção para outras pessoas que querem viajar. Hoje, um voo internacional não pode parar em duas cidades do mesmo país. Então, estamos fazendo um estudo para ver se entramos num acordo. Nossa fronteira é muito ligada à América do Sul, de modo que os voos internacionais são importantes. Além disso, temos de criar outras opções de destinos, como Costa Rica, que tem belezas naturais inigualáveis e não tem aviação. O turista estrangeiro que vem a Campo Grande não vai querer pegar um carro para ir a Costa Rica, porque é uma viagem longa. Os voos internacionais são importantes, mas precisamos trabalhar para estruturar o turismo nessas regiões para receber o turista, porque ele volta à cidade quando é bem recebido.

Jornal de Domingo –  MS tem mão de obra qualificada para o turismo?

Nelson Cintra – Onde o turismo está bem estruturado, sim. Na região de Bonito e Corumbá temos mão de obra preparada. O próprio Senac vem trabalhando bastante isso. A Fundação de Turismo realizou essa semana em Bodoquena uma espécie de treinamento com a população, para as pessoas receberem turistas que vêm para a cidade para um evento de “mountain bike”, porque não há hotéis suficientes. Eu fiz muito isso em  Porto Murtinho, quando era prefeito. Esse treinamento é comum na praia. 

Jornal de Domingo – Os eventos regionais, como Banho de São João em Corumbá, Porco no Rolete em São Gabriel, Festa da Linguiça em Maracaju, têm bastante peso?

Nelson Cintra – O Banho de São João em  Corumbá traz muitos turistas,  o Porco  no Rolete também, mas são eventos fortes regionalmente. No entanto, mesmo movimentando a sociedade sul-mato-grossense já é turismo. Se eu saio daqui e vou a São Gabriel, estou fazendo turismo. Agora Bonito atrai muito turista do país inteiro e de fora também. E ainda temos o Festival de Inverno, que atrai ainda mais. Esses eventos são de extrema importância. Temos interesse em fazer com que o turismo de MS seja conhecido pelo mundo todo, mas também queremos movimentar a população local. Uma pesquisa mostrou que 75% da população brasileira que costumava viajar para o exterior, este ano vai viajar pelo país, devido à alta do dólar. 

Jornal de Domingo – Teremos agora as Olimpíadas e o país deve receber um considerável número de turistas. MS pode “pegar carona”?

Nelson Cintra – Vamos ter no Rio de Janeiro, durante as Olimpíadas, o Rio Media Center, que vai receber os jornalistas do mundo inteiro. Equipes de Mato Grosso do Sul estarão lá por cinco dias junto com Mato Grosso para atender os jornalistas e falar sobre as potencialidades do Estado, divulgar o turismo. Faremos ainda um cadastramento dos jornalistas e escolheremos um grupo de cerca de 30 pessoas para virem a Mato Grosso do Sul numa press trip. Faremos uma parceria com hotéis e restaurantes daqui para receber esses jornalistas, que ficarão aqui no Estado durante uma semana. Isso é importante para que eles possam divulgar nosso Estado em seus países. Além disso, haverá no Rio de Janeiro a Casa Brasil, onde teremos um espaço da região Centro-Oeste também para divulgar nosso Estado, mas nesse caso a divulgação será para todos, não só jornalistas, mas turistas e atletas também. Estamos inclusive em contato com o chef de cozinha Paulo Machado, para cuidar da gastronomia da Casa Brasil e do Rio Media Center.

Jornal de Domingo – Existe uma estimativa sobre o aumento no número de turistas?

Nelson Cintra – Não temos essa estimativa. Sabemos que é preciso ter um poder de persuasão muito grande para trazer turistas a Mato Grosso do Sul. Vamos levar a equipe daqui, da Fundação, para mostrar nossa gastronomia e cultura também. É bom lembrar que mais de 200 países vão participar das Olimpíadas. Muitos atletas virão com seus familiares, além de pessoas que vêm para assistir. Assim, estaremos muito atentos para divulgar o Estado.