Brasil

Benefícios às mães aumentam produção

8 MAI 2011 • POR Folhapress • 11h52
Lucimara Luzia de Antonio no berçário da fábrica da Bom Bril com seu filho Rafael

Em algumas empresas, quem se torna mãe pode ter benefícios como trabalhar de casa, reduzir o horário do expediente, afastar-se em licença não remunerada, receber auxílio financeiro para babá ou utilizar berçários e creches da própria companhia.

A política de benefícios, porém, não pode ser vista como favor às funcionárias, afirmam especialistas.

Se, de um lado, as mulheres se sentem mais seguras com o filho próximo a elas, de outro, empresas ganham tanto em atração e retenção de funcionárias como em aumento de rendimento.

O berçário no qual as trabalhadoras da Bombril podem deixar seus filhos de até dez meses, por exemplo, é um atrativo para novas funcionárias, diz a gerente de recursos humanos da companhia, Márcia Mazzetto.

A analista de planejamento estratégico-financeiro Lucimara Ramirez, 35, tem deixado seu filho, Rafael, de cinco meses, no berçário da empresa durante o expediente.

"Ele é um bebê que ainda depende totalmente de mim. Depois de ficar quatro meses em casa cuidando dele, só voltei ao trabalho porque pude trazê-lo", diz Ramirez.

A analista afirma ter acelerado o ritmo de sua produção para poder permanecer mais tempo ao lado do filho, que visita cerca de quatro vezes durante o expediente.

"Quando ele chora mais do que o normal, as enfermeiras me chamam para ficar com ele", afirma.

Para a coordenadora do centro de carreiras da pós-graduação da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Adriana Gomes, o crescimento profissional depende não apenas da competência das trabalhadoras mas também do suporte oferecido a elas pela empresa.

"Muitas vezes, a ascensão da carreira de uma executiva só acontece quando há espaço dentro da organização para conciliar os papéis de mãe e de profissional", analisa.

Para ela, os benefícios a gestantes e a mães de crianças pequenas são uma forma de combater o preconceito com a maternidade dentro das empresas.

180 dias de licença às mães

No setor público, União, 23 Estados e 152 municípios concedem 180 dias de licença-maternidade às suas servidoras. No setor privado, cerca de 10,5 mil grandes empresas oferecem o benefício -- 6,7% das 160 mil, segundo estimativa da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).

O ritmo de adesão ao benefício estendido na iniciativa privada é lento quando comparado aos órgãos públicos, segundo Valdenise Tuma Calil, da assessoria de licença-maternidade da SBP.

Para ela, contudo, é preciso considerar que o programa que permite a empresas estender a licença foi regulamentado em janeiro de 2010. Órgãos públicos podem ampliar a licença-maternidade desde setembro de 2008.

Atualmente, por lei, apenas as empresas enquadradas no sistema de lucro real podem aderir ao programa Empresa Cidadã _geralmente grandes corporações. A participação hoje é facultativa e garante às mães dois meses adicionais aos 120 dias de afastamento.

Há um projeto de lei que amplia esse tempo para 180 dias. A proposta, porém, aguarda votação na Câmara há seis meses, sem previsão para votação. Depois, segue para sanção presidencial.

Na Procter & Gamble, a licença de um semestre acaba de ser adotada, e a diretora de marketing, Danielle Panissa, 32, que está no sétimo mês de gestação, pretende usufruir do tempo a mais.

Panissa está na empresa há nove anos e sairá de licença pela segunda vez _sua filha mais velha tem dois anos.

Quando estava com um mês de gravidez, foi promovida. "Imaginei que esperariam eu voltar [da licença] antes de me promoverem."

Para ela, seis meses com o filho servirão para ter mais segurança em relação à independência do bebê quando tiver que voltar ao trabalho.

Ela diz que o marido, que é piloto, trocou de escala e ficará mais com a criança.

Com informações da Folha de São Paulo.