Protagonismo das artesãs indígenas é destaque no 17º Festival de Inverno de Bonito
30 JUL 2016 • POR NoticiasMS • 16h59A Tenda dos Saberes Indígenas é o abrigo da cultura indígena no 17º Festival de Inverno de Bonito. Com o aconchego proporcionado pelas matriarcas artesãs de oito etnias, sete do Estado de Mato Grosso do Sul (Terena, Guarani, Kaiuá, Kadiwéu, Kinikinau, Kamba) e uma do nordeste (Atikum), o espaço atrai os visitantes por oferecer a genuína arte do fazer artesanal indígena.
No local podem ser encontrados potes de cerâmica Terena, Kadiwéu e Kinikinau, colares de sementes e brincos de penas Terena, bordados dos Ofaiés que trazem ilustrações rupestres acerca da caça e da pesca, bolsas, caminhos de mesa, jogos de panelas e chapéus dos Guatós, trançados com palhas de aguapés (planta aquática encontrada no Rio Paraguai) e acuris (palmeira nativa do Centro Oeste e do Pantanal), originários da Barra do Rio São Lourenço (próximo ao Parque Nacional do Pantanal Mato Grossense).
“Neste espaço acontece a valorização das mulheres indígenas, pois elas mesmo vendem o que produzem. Por causa deste protagonismo conseguimos ver a felicidade nos olhos delas”, destacou a Subsecretária de Assuntos Indígenas, Silvana Terena. Um exemplo do resultado dessa valorização, segundo Silvana, é a melhoria da qualidade dos potes Kinikinau. “Percebemos que em comparação com os produtos expostos do ano passado, os deste ano estão com muito mais brilhos. Isso demonstra um aumento da autoestima das artesãs e o fortalecimento da sua cultura”, comemorou.
A indígena Guató, Catarina Ramos da Silva, de 67 anos, não hesita em explicar sua técnica aos visitantes. “O trabalho é difícil mas eu gosto muito de fazê-lo. A palha demora uns cinco dias para secar, mas depois de seca, a gente consegue fazer o que quiser. A palha não pode ser tirada com faca porque ela morre. Só tiramos o caule com as mãos e colhemos a matéria-prima durante meses”, explicou. Ela executa o artesanato Guató desde 1974. E é enfática quando finaliza: “Estou sempre disposta a repassar meus conhecimentos com oficinas. Nosso artesanato não pode morrer”.