Empresário vai à PF contra Marquinhos
14 SET 2016 • POR • 08h34O empresário Arnaldo Britto de Moura Junior esteve nesta terça-feira (14) na Polícia Federal dar depoimento sobre uma denúncia que ele mesmo fez ao Ministério Público Federal (MPF) de que o candidato a prefeito Marquinhos Trad teria arrecadado cerca de R$ 200 mil em dinheiro vivo e, de forma ilícita, teria envolvido laranjas para simular doações eleitorais.
De acordo com o documento apresentado ao MPF, o dono da empresa 4 Rodas decidiu revelar toda a trama à Justiça depois de ser enganado por Marquinhos. A empresa de Arnaldo foi condenado em 15 de dezembro de 2015 pela juíza da 44 Zona Eleitoral, Cíntia Xavier Letteriello Medeiros, a pagar multa no valor de R$ 244,8 mil por ter feito doação para campanha eleitoral acima do limite de 2% dos rendimentos brutos auferidos no ano de 2013. Naquele ano o faturamento da empresa foi de R$ 51,5 mil e a doação de R$ 50 mil.
Para explicar à Justiça como foi ludibriado por Marquinhos - que segundo ele teria agido de má-fé para conseguir um recibo de doação e esquentar aquela vultosa quantia de dinheiro - Arnaldo procurou o Ministério Público Federal e revelou toda a história, que está transformada em um inquérito.
Arnaldo relata na denúncia que conheceu Marquinhos por intermédio de sua irmã, que fazia a parte financeira da campanha. Depois de realizar algumas reuniões e pedir voto para o candidato, a coordenadora geral de campanha Maria Bethânia, a mando de Marquinhos, teria solicitado a Arnaldo que emprestasse seu CNPJ para adquirir um plano de telefonia celular a ser utilizado na campanha.
Extratos da operadora de telefonia, revelam que o plano tinha 30 linhas que eram utilizadas entre outras coisas para promoção de telemarketing ativo, prática proibida pela Legislação eleitoral, conforme parágrafo 2, do artigo 25, da Resolução 23.404/14 do TSE.
Lavagem de dinheiro
A denúncia prossegue revelando o esquema montado por Marquinhos para esquentar dinheiro de doação ilícita. Como a legislação proíbe doações em dinheiro vivo e, conforme o documento, Marquinhos tinha R$ 200 mil de um doador que não poderia aparecer, pois já tinha excedido o valor legal, foram acertados diversos depósitos em contas de supostos doadores, nas quais o dinheiro caia e era sacado no mesmo dia, para o candidato conseguir o recibo e poder declarar como doação regular.
Arnaldo diz no documento que foi enganado, uma vez que foi dito a ele que a operação não acarretaria em nenhum tipo de despesa. No fim, não foi isso que aconteceu. Citado pela Justiça, o empresário procurou Marquinhos. O escritório que realizou a prestação de contas do candidato, M&C Contabilidade, chegou a pedir a declaração de imposto de renda de pessoa jurídica, mas Arnaldo acabou condenado à revelia.