Tecnologia

Uber chega a Campo Grande; entenda como funciona o aplicativo

22 SET 2016 • POR Da redação com assessoria • 12h44
O cantor sertanejo Michel Teló foi o primeiro a utilizar o serviço na Capital - Uber

O aplicativo da Uber começa a funcionar a partir das 14h de hoje, 22, na cidade de Campo Grande. Enquanto alguns veem a chegada do aplicativo com entusiasmo, outros questionam sua legalidade. Ontem, 21, o cantor sertanejo Michel Teló foi o “Primeiro Passageiro” da Uber na Capital, a 23º cidade brasileira a ter o serviço.

Como irá funcionar

A modalidade disponibilizada na capital é a mais econômica, a UberX, com veículos ano de 2008 ou mais novo, quatro portas, com ar-condicionado e cinco lugares. O preço base é: R$ 2,50 + R$ 0,15 por minuto rodado + R$ 1,10 por quilômetro rodado. A tarifa mínima é R$ 5. Já em contrapartida, o serviço de táxi em Campo Grande cobra uma bandeirada de no mínimo R$4,50.

A assessoria de imprensa do aplicativo informa que todas as regiões da capital serão atendidas normalmente e a meta principal do aplicativo é atingir a meta de demorar no máximo 5 minutos para chegar ao local solicitado. A única restrição de viagem com o aplicativo será no Aeroporto Internacional de Campo Grande. Os usuários poderão se deslocar até o aeroporto pelo serviço do aplicativo, mas não o contrário.

Para utilizar do serviço, basta baixar o aplicativo, disponível na App Store e na Google Play, criar uma conta e planejar sua rota. O pagamento é feito ao final da corrida através de um cartão de crédito cadastrado na conta do usuário do aplicativo. Em casos de problemas durante a corrida, é possível pedir uma análise do caso para a empresa por meio do seu site oficial: www.uber.com/cities

O aplicativo também permite a classificação de qualidade do serviço da corrida oferecida. O cliente pode classificar a corrida e as qualidades do motorista em questão e também o contrário – os motoristas avaliam o cliente no aplicativo.

Motoristas

Diferentemente de táxis, os motoristas da Uber não possuem qualquer vínculo empregatício com a empresa do aplicativo. Ou seja, o aplicativo serve como ferramenta para conectar motoristas parceiros e do serviço a usuários que desejam um motorista particular.

Para se cadastrar como motorista parceiro é preciso ter carteira de motorista com licença para exercer atividade remunerada - EAR, e passar por checagem de antecedentes criminais. Os carros também precisam ser cadastrados com a apresentação de Certidão de Registro e Licenciamento do Veículo, Bilhete de DPVAT do ano corrente. O motorista parceiro não precisa mais ter um seguro app, já que a própria Uber providencia um. A partir de julho de 2016, o seguro APP cobrirá motoristas e usuários em cada viagem com coberturas em casos de acidentes. Os motoristas também escolhem o horário de trabalho livremente.

Em Campo Grande, o presidente da Assotaxi (Associação dos Taxistas Auxiliares de Campo Grande), José Carlos Áquila, comemora a decisão. "Vemos com otimismo porque os taxistas auxiliares são explorados com diárias e taxas abusivas e o Uber é uma saída". A Uber cobra percentual das corridas e taxas para cobrir os gastos com telefones, mas o restante fica para os motoristas.

De acordo com Áquila, cerca de 80% dos taxistas auxiliares da associação irão migrar para o aplicativo. A Assotaxi denuncia há tempos a existência de uma "máfia" de alvarás, que faz deixar o controle dos táxis nas mãos de poucas pessoas já que quem quiser ser taxista deve comprar ou alugar de alguém que tenha o alvará. Alguns frotistas chegam a ter 50 táxis em seu controle. 

Regulamentação

A assessoria de imprensa do aplicativo esclareceu que o serviço é regulamentado nacionalmente. A lei federal 12.587/2012, da Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU) respalda o serviço de transporte individual privado, que é o oferecido pela empresa através do aplicativo. Ainda assim, por se tratar de transporte individual de passageiros, nos limites do território municipal, cabe ao município o exercício da competência legislativa?. A multinacional ainda aguarda por uma regulamentação municipal, mas ainda não existe lei que proíba o serviço na Capital. Tramita na Câmara dos Vereadores um projeto de lei do vereador Alex do PT para proibir o aplicativo e no Estado, o governador Reinaldo Azambuja, já vetou um projeto de lei aprovado na Assembleia Legislativa que também vetava o serviço. A empresa afirma estar aberta a dialogar com a prefeitura sobre a regulamentação do serviço na cidade. 

Polêmica

Enquanto os taxistas auxiliares comemoram a chegada do aplicativo à capital sul-mato-grossense, o Sindicato dos Taxistas de Mato Grosso do Sul (Sinditaxi/MS) desaprova o serviço.  Para os taxistas, o Uber apresenta uma concorrência "desleal" já que não exige todo o processo requisitado para um taxista exercer a atividade, além de estar isento de pagar taxas cobradas pelos órgãos públicos dos táxis. O órgão tenta desde 2015 barrar a vinda da Uber para Campo Grande e já informou que, se necessário, irá à Justiça contra a implantação do serviço da empresa na Capital. O sindicato alega ser inconstitucional o serviço prestado pelo aplicativo.

Para o estudante de jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Renan Zacarias, o Uber vem como uma boa alternativa já que o serviço de táxi em Campo Grande, de acordo com ele, é muito caro, demorado e precário. “Um pouco de concorrência não faz mal. Além disso, há vantagens para os clientes, como a classificação de motoristas”, afirmou. Para Renan, entretanto, há os lados negativos. “O problema do Uber é o impacto no mercado dos táxis”.

Em São Paulo e no Rio de Janeiro, o aplicativo ganhou holofotes da mídia após casos de agressão de taxistas a motoristas da Uber.

A Uber atua hoje em 22 cidades no Brasil: Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campinas (SP), Cubatão (SP), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Guarujá (SP), João Pessoa (PB), Londrina (PR), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Praia Grande (SP), Recife (PE), Ribeirão Preto (SP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Santos (SP), São Paulo (SP), São Vicente (SP), Uberlândia (MG) e Vitória (ES).